Se o Caju é Rei, a Cajuína é a Rainha da cultura gastronômica nordestina
O tema “sustentabilidade” já vinha crescendo há anos e agora vem ainda mais forte neste momento de Covid-19 que estamos vivendo. E por causa disso, o uso de insumos locais vai crescer de forma exponencial no Brasil e no Mundo.
Seguindo esse novo caminho, quero apresentar pra vocês a Cajuína, um dos derivados do caju, mais conhecidos nacionalmente e que expressa os sabores do consumo nordestino.
Passando pelo ótimo resumo oferecido pela wikipedia, “A cajuína é uma bebida típica do nordeste brasileiro, muito produzida e consumida no Maranhão, Ceará e principalmente no Piauí, onde é considerada Patrimônio Cultural do Estado e símbolo cultural da cidade de Teresina. Preparada a partir do suco de caju, sem álcool, clarificada e esterilizada, apresenta uma cor amarelo-âmbar resultante da caramelização dos açúcares naturais do suco.”Curiosamente, em 1900 o farmacêutico Rodolfo Teófilo inventou a bebida com o objetivo de combater o alcoolismo. De acordo com Teófilo, a cajuína poderia auxiliar na diminuição do consumo da cachaça.
A Produção Tradicional e Práticas Socioculturais Associadas à Cajuína no Piauí foi inscrita no Livro de Registro dos Saberes, pelo IPHAN, em maio de 2014.
As garrafas de cajuína, atualmente também vendidas, eram, na maior parte das vezes, dadas de presente ou servidas às visitas e oferecidas em aniversários, casamentos e outras comemorações.
Além da cajuína, produtos como a Cauina (fermentado de caju), o Qaju (queijo de caju), Mocororó (fermentado indígena de caju) e o Hambúrguer de Caju são alguns do produtos derivados do caju, que vem crescendo muito nos últimos anos.
Atualmente, encontramos mais cajuinas industriais do que artesanais, ainda que entre as industriais, seja possível provar algumas de alta qualidade e outras mais populares e rasas em sabor.
Outra mudança é que tradicionalmente vimos as cajuinas em garrafas de vidro transparante e atualmente, encontramos em latas e pets também.
O Covid, juntamente com a busca por produtos nacionais, o crescimento do veganismo e a busca por uma “vida mais saudável” vem projetando diversos insumos regionais, que antes eram renegados pelos consumidores.
E nós bartenders, precisamos abrir nossos olhos para as novas mudanças, que para alguns é considerado como tendência, mas na minha concepção é apenas um novo “lifestyle” para o setor.
Usando esses elementos, movimentos como o Slow Food, presentes em mais de 170 países, vem ganhando cada vez mais força, dentro do cenário da gastronomia e da coquetelaria. O Slow Drink é um dos exemplos dessa expanção, que a cada ano, vem ganhando adeptos em todo o Mundo.
Em 2016, tive a oportunidade de organizar o 1° Slow Drink Ceará em Fortaleza (CE), e trazer o tema “Slow Drink” para a Oficina do Gosto do evento Terra Madre Brasil 2020.
Tão importante é a influência da bebida no cotidiano nordestino que o compositor Caetano Veloso lançou em 1979, no disco Cinema Transcedental a música Cajuína, que você pode conferir aqui.
E para você que busca algumas dicas sobre o uso da cajuina e do caju em coquetéis vou deixar aqui algumas ótimas receitas para vocês além de deixar uma receita minha chamada Dragão do Mar.
Aprenda diversos drinks com caju
aprenda a receita
DRAGÃO DO MAR
50 ml de cachaça branca
80 ml de cajuína
10 ml de suco de limão fresco
15 ml de mel de caju
Em uma coqueteleira com cubos de gelo, coloque todos os ingredientes com cubos de gelo e bata vigorosamente.
Faça uma coagem para um copo longo com gelo e finalize com castanhas de caju.
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