Ela disse assim:
“Lágrimas falsas de vermute seco vão borrar a maquiagem e estragar o meu Martini.”
Essa noite ela quer beber sozinha. Controlar a ansiedade de quem guardou a azeitona pra depois do último gole – pensando ter encontrado alguma metáfora decente que explicasse sua atual situação.
As expectativas que criou para si própria, a imaginação arisca que projetou um futuro impossível, não estão ajudando.
Queria ter o coração gelado de gim. Viver em Júpiter e de juniper.
Mas agora é tarde.
Seu Martini está manchado com água de azeitona – outra metáfora cretina, pensou.
O último que sentou ao seu lado fui eu.
– A gente precisa da sua ajuda…
Da janela do bar, via-se o fogo das ruas, ambulâncias se esgoelando e sapos caindo de um céu vermelho.
Mas a Mulher Maravilha fingiu não me ouvir.
Fez com o dedo que queria mais um.
Tem dias que ela não quer salvar ninguém. Tem dias que ela quer só o silêncio de uma taça de Martini.
Pedi um também.
Menos seco do que o dela – e com duas azeitonas.
Do lado de fora do bar, Mulher Maravilha deixa o mundo acabar um pouco.
Às vezes, é bom.
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