O que temos que aprender ao ver o Dry Martini preparado por Pedro Andrade, para a GQ
Essa semana, um vídeo veiculado pelo site GQ, da Globo.com, mostra o apresentador de tv do programa Manhattan Connection, Pedro Andrade preparando algo que ele chamou de Dry Martini. O vídeo, com todo o direito, se tornou um mantra de COMO NÃO FAZER UM DRY MARTINI, tamanho o nível de despreparo do convidado ao executar a receita. Porém, o que nós podemos aprender com essa experiência? Fique atento nessas dicas aqui abaixo.
No exterior, existe mais boteco e padaria do que bar 5 estrelas
Infelizmente, vivemos o conto que os inconsequentes jornalistas – e suas devidas editoras vendidas – pregam por aí. “Esse é o melhor bartender do país” “O melhor campeonato do mundo” “O maior bartender de todos os tempos” “O bar mais isso da história” e perdemos a chance de amadurecer na nossa discussão sobre um tema. Existem mais péssimos bares em qualquer lugar do mundo (incluindo Londres e NY) do que bares bons. Assim como existem mais péssimas bandas do que bandas boas, mais péssimos cozinheiros do que cozinheiros bons. E isso é absolutamente natural. Agora, da próxima vez que algum bartender recém chegado de qualquer canto deste planeta que não seja o Brasil vier lhe dar uma carteirada porque foi bartender em x lugar do mundo, enquadre o indivíduo e peça pra ele informar o nome e local de onde trabalhou. Aí você vai descobrir como tem picareta por aí.
A história explica porque Pedro Andrade foi bartender
Sim, Pedro Andrade realmente foi bartender. Em 2005, ele trabalhava um um club de Nova Iorque chamado The Cuckoo Club. Provavelmente, ele já era bartender antes de muitos aqui pensarem em trabalhar com bar. Além de bartender, Pedro Andrade também foi guardador de volumes, DJ e carregador de gelo antes de ser o que é agora, um jornalista, ator e modelo (com desfiles para Giorgio Armani entre outros).
Pedro iniciou na função de bartender como muitos e muitos outros jovens bonitos, com fluência verbal, estudo médio para superior e oportunidade. Pedro fez um bico. Pedro foi bartender para ganhar dinheiro, pagar faculdade e conhecer pessoas, não para se tornar um profissional da área. Pedro é a cara do bartender modelo das agências de bar que reinaram nas últimas duas décadas. Pedro não precisava saber preparar os coquetéis, Pedro precisava estar à mostra, sorrindo. Pedro é um personagem criado para atender as demandas de uma sociedade elitista, preconceituosa e racista da qual eu já tive o desprazer de servir por anos e anos nos balcões deste país. Infelizmente, é provavel que Pedro Andrade não faça a menor ideia de quantos Pedros existem por aí. Sobre a hipótese de ele ter sido o melhor barman de NY, isso é claro que não é uma verdade. Porém, vale destacar que essa alcunha foi dada em tom de brincadeira pelo apresentador do vídeo, Dudi Machado, e não pelo convidado, Pedro Andrade. Conheça aqui os 50 sinais do péssimo bartender
A sua opinião conta, e faça ela valer
Se cada um que ler esse texto e concordar com o que está dito aqui compartilhar esse post nas suas redes sociais com um #RetrataPedroAndrade #RetrataGQ, seremos centenas, milhares de pessoas reivindicando que seja feita uma correção no vídeo. Seremos uma lembrança de que não se pode deseducar uma cultura, uma profissão como foi feito pelos produtores. Sem comprometimento. Sem responsabilidade. Você também pode entrar na página da QG e deixar o seu comentário informando que houve um equívoco grotesco na produção do vídeo. Então, #RetrataPedroAndrade #RetrataGQ.
Isso já aconteceu e voltará a acontecer em breve
Quem se lembra da catastrófica caipirinha preparada pela atriz e apresentadora Carolina Ferraz em seu programa. Despreparo, desrespeito à um ícone nacional que é a Caipirinha – e está protegida por lei. Reveja a Caipirinha Fora da Lei de Carolina Ferraz aqui A verdade é que todos os convidados poderiam ter ligado para um amigo bartender (sim, eles tem), pedido uma orientação básica, em respeito ao espaço que eles estariam ocupando. Fato é, eles não ligam. Não estão nem aí. Se prepare, porque em breve estaremos aqui novamente, citando outro oportunista de plantão, colocando o dedo na ferida e fazendo a nossa parte em não deixar isso passar batido.
Até poderia ser um Dry Martini by Pedro Andrade, se ele soubesse explicar.
O convidado não precisava necessariamente colocar a escolha dele de como fazer um Dry Martini como sendo absoluta. Qualquer pessoa que domina um pouco a história do coquetel mais famoso da história sabe que o Dry Martini possui dezenas de variações. Com algum esforço, ele chegaria à receita preferida do estadista britânico Winston Churchill, o Churchill Martini, que leva 100% de gin e nada de vermute, apenas olhando para a garrafa. E então, ele faria o seu toque pessoal, dizendo que era fã de vodka, e por isso trocaria. Aproveitando que ele é jornalista, poderia ter dado um show de cultura etílica, mas não o fez.
Para assistir o vídeo inteiro clique aqui
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