Rodolfo Bob, campeão do Patron Perfectionist 2018 conta um pouco dos segredos que levaram ele ao pódio nacional

Entrevistamos Rodolfo Bob, atual campeão do Patron Perfectionist Brasil, que levou o título com seu drinque Ouro Latino, e aqui, deixará uma série de dicas para você que pretende se inscrever no campeonato.

“Minha inspiração se dá pela minha descendência baiana, terra de bons cacaueiros. A gastronomia une e a coquetelaria nos diverte.
Em meu coquetel, a mistura de temperos, sabores, beleza e alegria, mostram o vigor e a miscigenação brasileira.
No meu coquetel temos dois tesouros: o cacau, que faz referência à minha terra e ao México, e a Tequila Patrón, hoje um dos maiores tesouros mexicanos que vêm ganhando o coração dos brasileiros.”

As inscrições já estão abertas e essa é a sua chance de participar da competição dos melhores coquetéis com tequila do mundo, o Patrón Perfectionists 2019. A competição chega a sua quinta edição com o maior número de países participantes, são 32 nacionalidades em todos os continentes.

Mas para chegar até o México, é preciso se inscrever e vencer a etapa nacional.
Se organize, esteja com a foto do seu drinque pronta e as informações na mão, para gastar no máximo cinco minutos através do site Patron Perfectionists

Não perca tempo, pois as inscrições se encerram em uma semana, dia 16 de setembro.

Entrevista Exclusiva

A tequila é um destilado peculiar, com características próprias de sabor. Isso deve trazer grandes oportunidades e também grandes riscos na hora de harmonizar com outros ingredientes. Como você vê a tequila como destilado base para um coquetel?

A tequila é um destilado muito interessante, pois pode se comportar num coquetel com potência e até um leve frescor, como o gin e uma cachaça branca, além da amplitude de notas sensoriais, que é possível encontrar em uma tequila reposado, com notas mais leves, arrojadas até chegar em uma tequila añejo, que se assemelha mais a um whisky.

Não vejo riscos em harmonizar tequila no coquetel, o que eu acho fundamental é respeitar a característica do destilado base para que ele sobressaia no drinque.

Minha dica é, deguste bastante antes de começar o drinque e veja se as suas escolhas de sabor se mantém.
Independente do ingrediente que você está usando, é legal sentir realmente essa característica sensorial do destilado base tequila, no caso.

A etapa no Brasil teve muitos competidores de alto nível. Como foi a sua preparação para se apresentar na final e conseguir superar todos os bartenders?

A minha preparação foi bem complexa. Eu foquei muito mais no meu bem estar para chegar na final o mais tranquilo possível, cuidando da parte emocional e física o quanto pude, e isso me ajudou bastante.

Outra coisa que foi importante foi vender o meu coquetel no meu bar, o que me estimulou a observar como ele se comportava dia após dia. Isso me ajudou a conhecer meu coquetel mais a fundo, meu enredo, minha mensagem. Durante o trabalho conversava muito sobre ele com os cliente venda após venda. Foi um treino constante que ajudou muito.

Também convidei alguns amigos para assistir minha apresentação e escolhi uma música adequada para me ajudar a me concentrar no cronograma e não estourar no tempo. Isso me ajudou a manter a fluidez e um tom de voz agradável para os jurados durante a apresentação.

Sua receita trazia um conceito regional e histórico ao mesmo tempo. O que você sugere para os bartenders que vão se inscrever neste ano? Como criar um bom storytelling e engrandecer o seu drinque com uma história?

Contar uma boa história é sempre contar algo que seja verdadeiro. O que eu fiz foi usar do que eu tenho como base na minha carreira profissional, que sempre foi me preocupar muito com o conceito histórico e geográfico, tenho muita fluidez no tema proposto, centralizei no que eu queria dizer, pesquisei muito o tema.

Fui entender um pouco na história da America Latina, a história da tequila, da colonização mexicana, da importância do cacau como produto histórico político e econômico e até um agregador social pro desenvolvimento de regiões do Brasil e da Am. Latina.

Uma dica que eu dou é, após escrever a sua história, converse com as pessoas para colher o feedback deles.
Outra coisa é que o texto é muito fundamental, um texto objetivo, com início meio e fim vai ajudar muito na apresentação.

Quais são as suas melhores lembranças da experiência que você teve no México?

A visita para os campos de Patron, conhecer os jimadores e todo o processo de produção agregou muito para a nossa experiência e para o meu valor profissional.

Existe um clima de fraternidade muito grande, tanto de todos os competidores de cada país em receber e trocar experiências quanto da equipe mexicana em receber e estar disponível para nos atender muito bem.

Foram sete dias convivendo dentro da Hacienda Patron, com pessoas de todos os lugares do mundo e suas culturas, todos em prol de uma boa coquetelaria.

É mais que um campeonato, de fato, é uma experiência de vida.

Você acha que o fato de ter utilizado diversos ingredientes nativos brasileiros em sua receita teve um efeito positivo no mundial? Ou por não conhecerem os sabores gerou certa estranheza?

Os ingredientes que eu usei causaram sim uma certa estranheza, mas acredito que somente positivas.

Os jurados são de todos os lugares do mundo, e uma delas, da China, ou seja, ela não conheceria Amburana ou até nibs de cacau, assim como não conhecemos muitos dos ingredientes deles.

O meu trabalho foi levar daqui do Brasil levar a casca de Amburana, chips de Amburana e todos os outros ingredientes que pudessem explicar melhor o Brasil que eu apresentaria.

Também desenvolvi um minilivro que contava um pouco da historia do cacau, dos ingredientes e do coquetel.
Tudo para que gerasse uma compreensão, a preocupação com a comunicação é o que importa na final global.

Então não vejo problema nenhuma em apresentar algo que não seja tão globalizado não é um problema, mas é preciso ficar atento com a maneira como se apresenta esses ingredientes.

O que você acha faltou para você na grande final e o que você acha que é necessário para que o Brasil possa ter o primeiro campeão global?

Fluência no inglês. Sem dúvida. Quando se está no palco da final, ser fluente ajuda a controlar a ansiedade.
Também acho que se eu tivesse a oportunidade de ter alguém mais experiente na competição me dando dicas de como é no México, eu chegaria um pouco mais preparado, mais afiado.
Por sinal, é uma das coisas que eu vou fazer para o próximo campeão. Estarei a disposição para compartilhar as minhas experiências e ajudar no que for preciso.

aprenda a receita

Ouro Latino

60 ml de Patrón Anejo
30 ml de vermute Antica Formula fortificado e aromatizado com casca de amburana
4 ml de bitter de cacau torrado
Spray de Patrón XO Café
Pó de Ouro Latino (mix de cacau, pimenta seca e flor de sal)

Em uma coqueteleira com cubos de gelo, coloque a tequila, vermute, bitter e bata vigorosamente. Coe para uma taça coupé previamente aromatizada com spray de Patrón XO Café e polvilhada com pó de Ouro Latino. Sirva sem guarnições.

Saiba mais sobre a receita Ouro Latino e Rodolfo Bob aqui 

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