Sorria você está sendo “googado”.

Estamos em tempos pós-modernos, cibernéticos, onde re-assistimos Blade Runner 2049, pois o antigo já está ultrapassado e sofreu um upgrade. Hoje temos necessidade narcisita de estarmos em evidência, isto se tornou “natural’, que falem mal ou bem de nós. Mas, em se falando de serviço, vamos analisar alguns os fatos interessantes.

Você faz o coquetel da sua vida, cria, testa, então ganha prêmio no renomado concurso, mas eis que o cliente pede um chorinho no gim para beber seu coquetel, descaracterizando toda a sua criação e você delicadamente fala do equilíbrio dos elementos, blá blá blá…… e pronto! No outro dia você está com um crítica enorme no TripAdvisor:

“Bartender arrogante tentando me ensinar a beber, onde já se viu?!”

Ai eu lhe pergunto, meu caro leitor: Quem tem estrutura psicológica para receber uma crítica e manter a cabeça erguida acreditando no nosso trabalho?

‘No futuro, todos terão seus quinze minutos de fama’, afirmou certa vez o cineasta e pintor americano Andy Warhol.

As grandes franquias americanas em geral tendem a padronizar os ambientes, os balcões de bar e os insumos. Isto reduz inferências, perdas – o que é bom – mas em contraponto há cada vez mais insumos produzidos pelos nosso profissional da bebida, o chamado mixologista, que mostra o seu toque pessoal em xaropes artesanais, tinturas, shrubs, vermutes, delineando um atendimento personalizado.

E ai vão surgindo pequenos bares com poucos lugares, produção autoral de insumos, sazonalidade de bebidas através da carta ou mesmo até uma lousa negra, ou seja, ares intimistas estão muito em evidência. Foi o caso do crescente ressurgimento de bares no estilo “speakeasies” e até dos “izakayas”.

Mas será que o cliente que está acostumado com o padrão norte-americano das grandes redes, produção de sour mix, coquetéis coloridos girando em máquinas de frozens ao ritmo de “ula-ula” ou está preparado para esta personalização, para tomar um coquetel que talvez seja uma criação única ao paladar dele?

Então chego ao ponto da principal da questão. Quem aqui assistiu ao primeiro episódio da terceira temporada de “Black Mirror”, série inglesa na Netflix?

Intitulado “Queda Livre”, a trama se passa numa realidade onde todas as pessoas têm notas atribuídas – de 1 a 5 estrelas – e qualquer um pode avaliar o outro; essas notas interferem tanto na vida dos personagens que para comprar uma casa, por exemplo, é preciso ter um determinado número de estrelas. Uma boa crítica para refletirmos sobre nosso futuro.Sendo pontuados permanentemente vamos perdendo nossa naturalidade, nosso non-sense, nossos erros e acertos que mostram quem somos, este ser humano que vos fala, muitas vezes atrapalhado, falante demais, DNA único e nossos atos vão sendo padronizados através de policiamento moderno, sempre observando o que falamos, agimos, até que a nossa personalidade vai dia-a-dia se esvaindo diante do “Grande Irmão”.

Vamos nos tornando narcisos meticulosos, atos e falas pensadas, nem margem para erros, vamos nos tornando androides do filme Blade Runner, e aos poucos vamos sendo substituídos por maquinas, já existem literalmente robôs que fazem coquetéis tão bem quanto um bartender.

Mas como tudo, cada degrau nos faz crescer, refletir, absorver, só o tempo nos dirá se conseguimos atingir nossos objetivos, sempre de cabeça erguida, é claro.

E você, já recebeu alguma crítica que já te fez refletir e poder crescer, seja construtiva ou mesmo destrutiva?
Vale uma pesquisada no Google. Talvez você não saiba, mas você também já foi “googado”.

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