Aprenda a preparar o Galo Cabruca, drinque vencedor do III Concurso Nacional de Rabo de Galo
Na terceira edição, o Concurso Nacional de Rabo de Galo premiou a melhor releitura do coquetel. O evento ocorreu nesta segunda, 19 de agosto, no Leques Brasil Hotel Escola, no bairro da Liberdade, em São Paulo.
Uma realização do Mestre Derivan e do bartender Daniel Júlio, a competição tem sido uma das formas de colocar em evidência um dos clássicos brasileiros mais consumidos e desprezados de todos os tempos.
Com mais de 40 bartenders na disputa, em geral do sudeste brasileiro, o Rabo de Galo recebeu toda a criatividade dos competidores, que tinham como objetivo criar uma releitura do clássico, mas sem perder as características básicas desse drinques.
Ao mesmo tempo, deixa claro que o Rabo de Galo tem enorme potencial de consumo, se utilizados ingredientes de alta qualidade e técnica apropriada. Além disso, como destacou um dos jurados da competição, Dirley Fernandes, “comprovou que o velho drinque nascido nos botecos paulistanos funciona, de fato, como uma linda base para a criatividade dos bartenders brasileiros.”
O grande vencedor da noite foi o jovem bartender Cássio Euzébio da Silva, do Balaio IMS, bar esse que já teve o primeiro vencedor da competição, Rafael Welbert.
“Meu pai era um plantador de cacau no período em que a praga da vassoura de bruxa invadiu as plantações e quase devastou o cacau do nosso país. Nessa época, o Brasil era o maior produtor e exportador de cacau do mundo. Ele sempre teve o sonho de que o Brasil voltasse a ser o o maior exportador do mundo, mas infelizmente veio a falecer. Cabruca é um tipo de plantação sob a sombra das árvores da Amazônia, é um sistema ecológico de cultivo agroflorestal, como se fosse uma estufa natural. “ explica Cássio.Em segundo lugar ficou com Daniel dos Anjos, do bar The Juniper 44°, de São Paulo. O bartender apresentou o drinque Voador feito com Cachaça Prata, vermute e pincelada de caramelo salgado. Como guarnição utilizou torresmo.
Em terceiro lugar ficou o bartender Rafael Câmara, do bar Vasco 1020, de Porto Alegre. O bartender apresentou seu drinque Nova Ivoti feito com Cachaça premium, vermute italiano tinto clássico, solução salina e infusão em folhas de limoeiro. Para decorar utilizou folha de limoeiro.
Galo Cabruca
60 ml de cachaça Weber Haus Carvalho e Bálsamo 6 Anos
13 ml de vermute com nibs de cacau e casca de laranja bahia
15 ml de licor de baunilha do cerrado com cumaru próprio
10 ml deAmaro Stomático San Basile
Coloque todos os ingredientes em um mixing glass com cubos de gelo e mexa até gelar bem. Passe para um copo baixo com um cubo grande de gelo e finalize com um palito de chocolate com especiarias.
De acordo com Cássio, o drinque ainda não está pronto para ser servido no momento, mas em breve, ele anunciará nas redes sociais quando servirá no restaurante em que trabalha.
Balaio IMS
Restaurante brasileiro por Rodrigo Oliveira no Instituto Moreira Salles
End: Av. Paulista, 2.424, Bela Vista – São Paulo/SP
Horário: Terça a sábado, 12h às 23h; domingo, 12h às 17h
O Rabo de Galo, assim como a Caipirinha, é um patrimônio cultural do Brasil com 65 anos de história. Sua propagação começou na cidade de São Paulo com a chegada de uma fábrica de bebidas nos anos 50. A indústria queria atender os anseios alcoólicos dos imigrantes italianos. No entanto, estes consumidores encantados pela Cachaça não bebiam mais o Vermute, mas apreciavam muito o “ouro líquido brasileiro”.
Assim, foi criada uma mistura dos dois, inclusive com copo exclusivo, que continha marcação das doses. Segundo relatos, o fundo do copo era mais grosso para aguentar a batida no balcão, na volta do gole. Inclusive, a bebida era para ser chamada de Cocktail, mas a ideia foi rapidamente descartada e substituída pela tradução da palavra em inglês Cocktail, que, em português, significa Rabo de Galo.
O Rabo de Galo, que inicialmente tinha em sua proporção original 2/3 de Cachaça para 1/3 de Vermute, nos dias de hoje não tem uma receita exata e nem há uma técnica fixa de preparo: as bebidas podem ser misturadas num mixing glass com gelo ou no próprio copo de servir.
Com essas nuances de preparo se tornou o drinque mais consumido pela boemia no Brasil. Por isso, esta bebida, mais do que especial, tem agora voltado para si as luzes dos holofotes, já que o estudo da origem da Coquetelaria Brasileira tem sido objeto de constantes pesquisas de bartenders e mixologistas, que querem resgatar as origens dos drinques.
Este movimento visa ainda levar o Rabo de Galo a alçar vôos mais altos. O objetivo é que este drinque seja o segundo coquetel brasileiro à base de Cachaça a ser inserido na lista da IBA – International Bartenders Association.
Essa seleta lista conta com quase 100 drinques considerados os clássicos do mundo e tem como base diversos destilados. O Brasil já consta nesta listagem com a Caipirinha, que é um drinque muito apreciado e conhecido no mundo, sendo a responsável pela disseminação do consumo de cachaça no mercado internacional.
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