Respeita o homem que bebe sozinho. Ele tem lá seus motivos. Deixa o homem quieto com sua solidão de azeitona. Ele precisa de um balcão pra pensar. Buda tomando Cynar. No peito, um coração de alcachofra – trincado feito pedrinhas de gelo. Respeita o homem que bebe sozinho. Que está lá, no canto dele, ninando um copo de Bourbon. De certo que já está em outro planeta. Ou em Veneza. Não mexe com ele.Se precisar de espaço, pede licença. Sua bolsa não atrapalha, pode ficar com a cadeira e o cardápio, presta atenção, está à sua esquerda. Não, não, o homem não quer dividir nenhum problema. Ele não leu o jornal e nem tem opinião pra dar sobre assunto nenhum. O homem não vai rir da sua piada – e também não quer ver aquela foto incrível que você tirou do seu filho. O homem que bebe sozinho não está procurando, caçando ou perdido. Entenda, o homem que bebe sozinho tem um fim e um propósito: beber sozinho. Seu último coquetel foi um avanço da ciência, uma bem-vinda surpresa. Foi uma máquina do tempo, um ricochete que beliscou o passado e projetou o futuro. O homem que bebe sozinho aponta para o próprio copo e pede mais um. Se a luz ajudar, eis um quadro do Hopper.
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