Hey mixologista, vá pra indústria, que é lá o teu lugar!
Vá pra consultoria, onde deveria ser o consultor técnico de bebidas.
Vá pra fora do balcão, porque do lado de dentro tem alguém reina mais do que você, o bartender.
Já está na hora de perceber que não tem volta.
Bartender e mixologista terão que coexistir nesse universo etílico.
Agora, como compartilhar o mesmo espaço em harmonia?Simples, deixe o bartender ser o bartender.
Deixe o mixologista ser o mixologista.
Dale De Groff, autoridade máxima no bar desde 1990, disse que ao assumir o bar Rainbow, em NY, criou a carta de coquetéis, treinou a equipe de bar, mas não esteve atuando naquele balcão.
Logicamente, informou à imprensa local que não poderia ser então o bartender do Rainbow, e sim, o mixologista da casa, algo como o consultor técnico.
Eis que o termo mixologista, após décadas esquecido, retornava aos jornais e revistas e ao boca a boca. Ponto.
Com o desenvolvimento da indústria de bebidas, a proximidade das marcas de bebidas com a comunidade de bartenders e a necessidade de apresentar os produtos em diversas formas, bartenders renomados foram convidados à ingressar na indústria e tiveram que deixar de lado seus balcões para atender à demanda de treinamentos, criação de cardápios para bares parceiros e projetos especiais para novas marcas.
Continuaram a ser bartender?
De ofício não. De coração talvez.
Aí que mora o perigo.
Ao migrarem para outro setor nomes relevantes para o mercado, não só no circuito americano, mas global, bartenders iniciando sua carreira olharam para essas figuras e disseram: Hey, também quero ser um mixologista!
Puf!! A partir de agora serei!
E assim, tanto a mídia, através de jornalistas paraquedistas quanto bartenders desavisados fizeram uma imensa enxurrada de comunicação cruzada sobre a função do bartender e do mixologista.
A coisa passou a ser uma medida de status, o que é um erro grosseiro, ao invés de ser uma funcionalidade da profissão.
É evidente, que nessa busca de novos profissionais em tentar se destacar, absurdos aconteceram.
Pomposos e despreparados, amadores e arrogantes, vimos de tudo por aí, menos o que necessitávamos, um balcão amigável e confortável.
Naturalmente, e com total razão, a resposta veio à cavalo.
Bartenders de ofício, enraizados na cultura do balcão, do trabalho diário preparando receitas, disseram. Hey, eu não sou mixologista.
E o tal termo, que muito atenderia o novo nicho necessário para o mercado, passou a ser visto como pretensioso e arrogante.Entre Dale De Groff, (entrevista aqui) e uma horda de bartenders egocêntricos que surgiram na última década, fico com o mestre, que vem há mais de trinta anos dando ritmo à essa profissão.
Não há nada mais importante do que uma sociedade reconhecer seus principais profissionais pelo nome e pelo local de trabalho.
É por isso que, sem sombra de dúvida, devemos defender o bartender.
Quem está no balcão.
Naquele balcão, daquele endereço.
É uma questão de sobrevivência e de respeito.
Bartender, respeite o balcão.
Mixologista, respeite o balcão.
Jornalista e empresário, respeitem o balcão.
Porque tem espaço pra todo mundo, menos para picaretas.
Então não se esqueça. No bar, quem reina é o bartender.
E deixe que o mixologista vá para o lugar onde ele é necessário.
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