Hospitalidade é o assunto principal do bartender Paulo Corghis, nosso novo colunista no Mixology News
Um dos grandes mestres do marketing Philip Kotler costumava dizer que “um profissional de vendas bem-sucedido cuida primeiro do cliente, depois dos produtos”. E a hospitalidade nos bares tem tudo a ver com isso.
Em tempos de Thirteen Reasons Why onde temos treze motivos para ser o centro da atenção e que o nosso trabalho de coquetelaria (a nossa criação, o nosso produto e a nossa técnica) é o que existe de mais importante e talvez o que nos dará prestígio e abrirá portas para viagens internacionais, acabei conhecendo uma pessoa* – chamarei de herói dos tempos modernos – que me fez lembrar que devemos a cada dia sair do foco da atenção. Um autêntico altruísta em tempos de egos super inflados. E infelizmente neste universo algumas palavras mágicas que abrem portas se tornaram esquecidas.
Como se estivéssemos no mundo de Harry Potter entre Hidroméis e Brambles, American Bar at The Savoy, Artesian e este mundo fosse eterno. Obrigado. Por favor. Bom dia. Boa Noite. Volte sempre. E um largo sorriso. Palavras mágicas que abrem o universo. É muito simples assim.
O que nós temos que pensar, new generation, quando as “luzes do palco se acendem e vestimos nossa personagem com chapéu e suspensório ou nosso colete e gravata borboleta” é que o segredo de um bom atendimento começa no “Bom dia, já foram atendidos? Aceitam uma água?”.
É lembrar que o nosso objetivo de trabalho e de vida é sairmos do centro da atenção, sairmos de nós mesmos e focarmos na satisfação do nosso cliente. Em descobrir nas entrelinhas o que ele gostaria de beber.
Ou seja, vestir a personagem.“Boa noite, senhor. Gostaria de olhar nossa carta de coquetéis? Qual o sabor que o senhor gosta em um coquetel? Azedo, amargo, doce ou salgado?” O mais importante é o bom atendimento ao ser humano que está à nossa frente. Ele é o nosso objetivo. Ele é o motivo em estarmos trabalhando nesta área.
Coquetéis maravilhosos, técnicas esplendorosas, sabores paradisíacos são bem-vindos, mas se o cliente não for o nosso objetivo no bar, este ser humano que está a sua frente, então de nada adianta todo o seu esforço. O foco não é o seu coquetel maravilhoso.
O foco é o cliente. E ai você talvez não vá ficar tão frustrado se por acaso o cliente não gostar tanto da sua esplendorosa criação. Talvez ele não tenha o sabor apurado que você tem, meu amigo barman, e só está ali no balcão para se divertir e não avaliar seu primoroso coquetel como se fosse um jurado de um concurso internacional de coquetelaria.
Servir, para ser servido. Isto é bíblico. Assim conquistei muitos amigos-clientes no balcão. Ganhei muitos clientes que se tornaram grandes amigos. E é isso que vale a pena todos os dias. É isso que eu levo de lembrança sempre em mente.
Pense nisso.
*Este grande amigo que citei modestamente no início deste texto chamando de herói tem uma saga tão inacreditável que desenrolarei em uma outra história – A saga de salvar vidas. Então, seja bem-vindo à minha coluna e tenha um ótimo dia. Hospitalidade
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