Alguém aí lembra do seu tio avô dizendo que estavam indo beber o morto com os amigos?!
A expressão é tipica de um estilo de vida interiorano e também nordestino que cada vez mais vem sendo esquecido no tempo. Para os jovens, essa gíria é quase inexistente, mas é só perguntar para algum familiar que perceberão como essa expressão fez parte da vida de muitas gerações por várias décadas.
Porém, poucas pessoas sabem que Beber o Defunto é um costume genuinamente africano e teve início nos antigos rituais de morte de diversos países do continente. O velório da umbanda, chamado de gurufim, era considerado um dos rituais mais importantes da cultura africana, onde os parentes e amigos faziam uma refeição comunitária e tomavam o tradicional Marufo (bebida alcoólica feita a partir do fermentado de seiva de Palmeira) bebida típica da Angola.
Quanto maior fosse a posição social do falecido, mais completo seria o seu velório. Salgadinhos, bolos, pães, licores finos e cafés eram servidos para a classe mais abastada. onde até carpideiras eram contratadas para chorar durante aproximadamente 24 horas, tempo que durava o velório. Já para os mais pobres eram servidos apenas alguma coisa “de sal” (de acordo com as possibilidades da família) e cachaça de litro, quando possível broa de milho.
Aliás, cachaça de litro é uma expressão para as cachaças de baixa qualidade, motivo pelo qual dizia-se que “tal sujeito era mais forte que cachaça de litro!”
Aqueles que durante o gurufim dormiam, vencidos pelo cansaço ou pela própria garrafas, eram acordados pelos demais com o indelicado aviso:
” – Ei, cuidado, Fulano (e diziam o nome do morto) vem te buscar.”
Quer motivo melhor para Beber o Morto?!?! Seja por medo ou em sua memória, bonito é ver todo mundo junto nos bons e nos maus momentos!
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