Entrevistamos o bartender Igor Renovato, do RJ. Leia os conselhos para novos bartenders e aprenda uma receita autoral

Igor Renovato é bartender e 10 anos. Seu primeiro trabalho com carteira assinada foi atrás do balcão do Olimpo, uma casa de shows do subúrbio carioca. “Ali, o aprendizado maior. Lidar com pessoas, todo o tipo. Desde os clientes, até os companheiros de trabalho. Foi onde conheci a noite e ela me conheceu.” explica Igor.

Foi nesse período que começou a estudar na área, fazendo cursos no Senac, Faetec e Learning for Life da Diageo. Em meados de 2014, a cidade do Rio de Janeiro estava aquecida com a Copa do Mundo e então Igor entrou de vez para o ramo de hotelaria. “Tive contato com uma boa coquetelaria da época. Fiz o curso da Mixxing, com Lelo Forti, Luciula Martins e Alex Miranda. Em seguida, um curso na Shake com Walter Garin.”

Foi assim que depois do curso, Igor foi convidado para ser barback do Alice Bar, em Botafogo, do qual ele só sairia de lá como chefe de bar.

Na obra desse bar, tinha um garoto prestativo, atencioso e que aprendia rápido. No primeiro dia de bar aberto o bartender resolveu abandonar o bar. “Eu, que era barback me tornei o bartender. O rapaz da obra, entrou pro bar e se tornou o barback.” Esse rapaz era até então, Douglas Henrique. Hoje vocês o conhecem por: Pretinho Cereja.

Era setembro de 2016. o Alice Bar não ia muito bem. Walter saiu. Igor saiu em seguida. Passou pelo primeiro restaurante do grupo 14zero3,o Pici Trattoria, trabalhando junto com um grande irmão de bar, Marcelo Emídio.

E através dele, Igor conheceu o Garoa Bar Lounge. Até então, um bar espanhol que ia abrir por aí e estava precisando de bartender. Dezembro de 2016, abriu o Garoa e Igor segue junto à casa desde então.

“Meu trabalho hoje em dia é pautado nas pessoas, tornar o trabalho da minha equipe mais leve e produtivo. Pelo instagram, tento mostrar que a coquetelaria pode ser acessível.”

Confira a entrevista

Qual o seu hobby fora do bar?
Gosto de futebol, ultimamente tenho corrido, gosto de sentar em botequim sozinho e olhar as pessoas e gosto de fazer amizade com vendedor de rua.

Com o que você trabalhava antes do bar?
Informalmente, na infância, com uns 11 anos resolvi que ia vender graviola do pé que tinha no quinta da minha casa. Tive 1 cliente. Fiel cliente, chamava Isis.

Como foi que você decidiu entrar para a vida de bartender?
Foi por causa do meu pai. Ele colocou uma ficha de inscrição na minha frente e disse: “Preenche aí!” Era a ficha pra trabalhar na casa de shows Olimpo.

Há quanto tempo você está na trajetória de bartender?
Comecei em 2011. Em setembro faz 10 anos.

O que você mais gosta nessa vida de bartender?
A possibilidades de conviver com os mais variados tipos de pessoas e lugares.

Qual a situação mais engraçada que aconteceu com você em um bar?
Deixa eu pensar em algo publicável aqui. Acho que é uma coisa engraçada que a gente costuma fazer no bar. Toda vez, na hora do encerramento do bar toca uma música, sempre a mesma. A gente canta, bate palma, faz paródias, faz um acontecimento maravilhoso, coletivo e sorridente. Tudo isso pra dizer diretamente pros clientes, mas de uma forma leve. “O bar fechou!”

Qual a situação mais desastrosa que aconteceu com você em um bar?
Ir às vias de fato com um cliente. É… Aconteceu, e eu não recomendo.

Qual seu drink favorito?
Hoje em dia, Fitzgerald e Rabo de Galo.

Qual drink você não suporta beber?
Bacardí Big Apple com Citrus. Eu era jovem. E esse porre foi incrível! Também não recomendo.

Quem foram seus mentores de bar?
Eduardo Galvão e Walter Garín. E os chefes de bares dos quais aprendi o que não fazer.

Quando e quem famoso você serviu e o que serviu?
 Em 2016 pude atender o Rei Zico no Pici Trattoria.

Quem você gostaria de ter servido na vida e ainda não pode?
Zeca Pagodinho, um dos maiores brasileiros vivos.

Onde você busca sua inspiração para criar seus drinks?
Nos livros também, em sites como o Mixology News. Mas principalmente, na rua, na esquina, no botequim, na história de pessoas comuns.

Para a criação de um coquetel, na sua opinião vale mais inspiração ou conhecimento?
O conhecimento é essencial.

O que você acha das releituras de drinks clássicos? Qual o seu favorito? Qual seu ingrediente coringa?

Acho as releituras super válidas. Te uma releitura do Dark’n Stormy aqui no Garoa que é muito boa! Receita do Greg, Sobre o ingrediente coringa, diria que no Garoa a gente faz um Ginger Ale, que fica bom de várias formas. Marcelo Emídio concorda comigo. Depois pede pra ele cantar o Melô do Ginger Ale.

“Bourbon, Campari, Gin… Whisky de Centeio, mas se ficar ruim. A gente bota o Ginger Ale!”

O que para você é inaceitável em um drink?
Nunca parei pra pensar nisso, rapaz. O drink é um copo com bebida. É algo simples. E isso que o torna belo. Enfim, tentando responder a pergunta. Algo que já presenciei e acho inaceitável é adulterar bebida, em prol de ganho financeiro.

Na sua opinião, qual o clássico que nunca será ultrapassado?
Negroni.

No atendimento de bar, qual a principal característica que torna um bartender diferenciado?
Empatia, sensibilidade, respeito pelo cliente e pelos seus companheiros de trabalho.

Qual o maior erro que um bartender não pode cometer na sua caminhada?
Pular etapas. Querer fazer a técnica mais inovadora. Antes de ter uma boa base dos clássicos e estruturas.

Qual a sua maior conquista na área de bartender?
Poderia dizer sobre prêmios. Isso é bem gratificante e realmente realizador mas vou além. Minha conquista é hoje poder viver bem através do que o bar me proporciona. Meus pais e os amigos de verdade sentirem e vibrarem comigo. Uma outra enorme conquista é viver a trajetória. Cereja, Roger, Emidio, Alex, Greg, Jesus… Pessoas, amigos. O que importa são as pessoas.

Quais os seus planos para o futuro como bartender?
Continuar no Garoa com certeza e também iniciar com mais afinco mais trabalhos de consultoria. Pessoalmente, levar a coquetelaria cada vez mais pro popular. Pra dentro de um botequim. Pra rua.

Qual a sua visão do futuro dos bares e da coquetelaria depois dessa crise?
A crise tem passado. Mas ainda tá aí. Minha visão é de esperança sempre. E otimismo.

3 CONSELHOS

Quais conselhos você pode dar para um jovem bartender?

1) Não pule etapas.
Antes de querer aplicar a técnica do momento aprenda a estrutura dos clássicos. Aprenda os drinks da casa onde você trabalha. Lave a louça.

2) Ser bartender é bem mais do que encher copos.
Seja gentil. Não só com cliente que paga a conta. Mas principalmente com os companheiros de trabalho. A cozinha, o ASG, o garçom… Esquece essa ‘brincadeira’ de ser inimigo do garçom. O trabalho é feito por pessoas, saiba lidar com elas.

3) Aproveite o caminho.
O barato é a trajetória e as pessoas que você encontra por ela.

APRENDA A RECEITA

Capivara

30 ml cachaça branca
3 gotas de bitter de laranja
Guaraná até completar o copo

Em um copo longo com gelo, coloque a cachaça, complete com guaraná.
Finalize com as gotas de bitter por cima.
Se quiser, mexa. Senão apenas brinde e beba.
Como guarnição escolha entre uma dessas opções:
Casca de laranja, meia lua de laranja, laranja desidratada ou então sem nada.

Aprenda a preparar o Capivara, drinque de Igor Renovato e Greg Poeta que está caindo no gosto dos bartenders cariocas

Leia a matéria completa sobre o Capivara aqui

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