Baru, Salve salve a amêndoa do cerrado brasileiro

Dipteryx Alata Vog é o nome científico do popular Baru.
Viagra-do-Cerrado, Castanha-de-Burro, Cumaru, Coco-Feijão, Bugueiro e Imburana-Brava são alguns nomes comuns na região do Cerrado e na faixa de transição deste Bioma com a Mata Atlântica. É encontrado em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Tocantins e São Paulo. Nossos vizinhos bolivianos, paraguaios e peruanos também são agraciados com Baruzeiros.

O Baru é um fruto amarronzado, tecnicamente um legume lenhoso e castanho, encontrado entre agosto a meados de outubro. Fácil de identificar pela casca fina e normalmente possui o comprimento em torno de 5 a 7 centímetros, possui uma amêndoa solitária que é comestível, por sinal sabor agradabilíssimo e poder energético e nutricional excepcional.

Se já não bastasse, ainda é abundante em vitamina E, zinco, magnésio, fibra, proteínas, ferro, potássio e ácidos graxos insaturados que possibilitam minimizar o risco de doenças cardiovasculares, diabetes, Alzheimer e combater com sucesso a anemia. Segundo Nutricionistas da Universidade Federal de Goiás, uma dieta balanceada e uma porção de 14 unidades de castanha-de-baru ao dia podem ajudar as pessoas que tem problemas cardiovasculares eliminando do organismo o colesterol ruim.

É possível encontrar exemplares de até 25 metros de altura por 70 cm de diâmetro em condições ideais na natureza, com o solo fértil e rico em nitrogênio. No Cerrado é fácil de encontrá-lo em meio a vegetação tipo savana, com sua casca áspera clara, tronco acinzentado e frondoso porte. Mas o que chama mesmo a atenção aos olhos são as belas folhas do Baruzeiro que permanecem verdes mesmo na época de estiagem.

Quando os frutos caem maduros no chão, os animais que estão no pasto devoram a polpa que é repleta de qualidades organolépticas e nutrícias, reforçando a alimentação que muitas vezes é escassa. Quem se dá bem também são os danados dos macacos, que não precisam nem esperar cair o fruto!

Eles chacoalham os galhos para derrubar os mais maduros quando estão lá no alto. Como é duro feito um pau, os macacos batem o Baru com força contra as pedras para poder saborear a polpa posteriormente. Os morcegos também fazem a festa e são os mais eficientes para dispersar as sementes Cerrado afora.

Uma pena que seja praticamente impossível de encontrar a polpa in natura do Baru para a compra em mercados, já que é bastante perecível. Comumente quando colhido pelos moradores locais, são preparados: pães, geleias, biscoitos, licores e sorvetes. As castanhas quando bem conservadas, podem durar até três anos, facilitando a distribuição nas outras regiões do Brasil e o acesso do consumidor final em mercados regionais ou empreendimentos especializados.

As amêndoas do Baru devem preferencialmente passar pelo processo de torra para o consumo humano, afim de facilitar a absorção de minerais como cálcio e zinco em nosso organismo. Seu sabor transita entre o amendoim e a castanha-de-caju, fazendo que o Baru seja usado em doces típicos regionais e tradicionais, em receitas como o Pé-de-Moleque e até na Paçoquinha.

Reza a lenda que é um afrodisíaco, talvez por conta de ser um bom energético ou então por ter um gosto parecido com o famoso amendoim. A Cultura Popular bota fé que na época da frutificação do Baru aumenta o número de mulheres grávidas.

O óleo resultante do processamento das amêndoas é usado para a aromatização do fumo, na confecção de produtos da indústria cosmética e explorado pelas propriedades medicinais com o tratamento para o reumatismo.

Pode ser plantada nas margens de rios, como proteção as nascentes, para sombreamento em área de pastagens, entre outros usos conscientes. A madeira é de qualidade superior, resistente a fungos e doenças, possui uma ampla versatilidade que infelizmente já rendeu a extinção no estado de São Paulo. O Baruzeiro sofre ameaça pelo uso da lenha para gerar energia, na construção naval e civil, indústrias madeireiras e moveleiras, além de oportunistas no geral.

O Bioma Cerrado vem sendo devastado desde a década de 1960 para a criação de gado e pasto, que evoluiu para uma extração madeireira ilegal de comercialização desenfreada que literalmente limpou o caminho para que a monocultura de soja e cereais se instalasse. Os danos para a fauna e a flora são imensuráveis e logo o Baruzeiro está em uma situação delicada.

Técnicos do Centro de Pesquisas Agropecuárias do EMBRAPA estudam e submetem experimentos desde o final da década de 1980 com o Baru. Uma das descobertas foi que devido à resistência da madeira e velocidade acelerada de crescimento, é indicado o plantio para as empresas de reflorestamento. Logo, utilizar de maneira racional e comercial esta planta faz com que todos ganhem.

Valorizar o Baru, saber explorar de maneira sustentável, aproveitando o fruto para contribuir positivamente nas comunidades com pequenos produtores e conservar este belo espécime nativo do Cerrado para as futuras gerações, aumentando a qualidade de vida daqueles que cuidam do plantio, colheita, preparo e beneficiamento é no mínimo justo.

Para conhecer também o Bioma “Da Mata Atlântica” clique aqui

APRENDA A RECEITA

Esperto foi o Burro

25 ml de cachaça de alambique curtida em amburana
25 ml de bourbon
35 ml de Jurubeba temperada
15 ml de sumo de lima
15 ml de calda de flor de sabugueiro

O coquetel começa pela defumação do copo tipo Old Fashioned utilizando canela em pau. Deixe a fumaça no interior do copo, mantendo o mesmo de boca para baixo enquanto prepara o drinque.

Em uma coqueteleira com cubos de gelo, adicione os destilados e a jurubeba temperada, então esprema o sumo fresco da lima e coloque a calda de flor de sabugueiro. Bata vigorosamente. Vire o copo com a boca para cima, coloque um cubo de gelo grande e então faça uma coagem simples do drinque. Posicione a guarnição e sirva!

Jurubeba Temperada

Para uma garrafa de Jurubeba, adicione 100 gramas de gengibre ralado, 1 anis estrelado e uma dúzia e meia de castanhas-de-baru trituradas. Macere por alguns dias e faça uma coagem fina antes de envasar.

Calda de Flor de Sabugueiro

Em uma panela ferva 1 lt de água. Em um recipiente, coloque 125 gramas de flores frescas de sabugueiro e 1 kg de açúcar demerara. Despeje a água fervente e adicione 100 ml de sumo de lima e 50 ml de sumo de laranja lima. Misture tudo até que todo o açúcar se dissolva. Tente não babar em cima desta calda! Deixe em maceração por cerca de 12 horas, aí pode coar e envasar. Conserve sempre a frio.

Como guarnição, sugerimos uma rodela de abacaxi desidratado com a parte superior besuntada com “farofa” de castanha-de-baru torrada (utilize um pilão para triturar com eficácia). A textura crocante é fundamental, então tome cuidado para não “esfarelar” muito o baru. Posicione a guarnição entre o cubo de gelo e a borda do copo.

Para saber tudo sobre o Bioma “Do Pantanal” clique aqui

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