Bartenders relembram quem foram os mentores do início da carreira e o que aprenderam com os veteranos 

Em todo começo de carreira sempre temos aquele profissional veterano que guia os nossos passos, seja para um puxão de orelha, um conselho amigo e por muitas vezes são pessoas que admiramos o trabalho e só de observar a pessoa já é uma aula.

Por detrás de cada campeão, herói ou gênio da história há um mestre, um mentor ou um professor para a vida.  Todas as figuras que admiramos seguem em alguma escala os ensinamentos passados por alguém igualmente sábio, de grande liderança e perfil inspirador, como o grande Nelson Mandela, na foto abaixo.Em nossa era digital ficou ainda mais fácil vermos cada vez mais pessoas aparentemente comuns se tornando mestres em algum tema, conceito ou área de negócios. Então resolvermos perguntar para alguns bartenders quem foram de fato seus mestres, pessoas em quem eles confiam pelo aprendizado que receberam durante a sua trajetória.

E descobrimos que na carreira de bartender não é diferente. Apesar de hoje os profissionais terem muito mais acesso a materiais didáticos, cursos e informações na internet (bem diferente de 20 anos atrás), a maioria das pessoas ingressa na carreira como garçom, cumim ou barback, e aprendem ali no cotidiano com os profissionais mais experientes. 

Alguns bartenders relembraram como foi este começo de carreira e quem foram os profissionais que ajudaram com informações, conselhos e técnicas de bar. Tem aqueles que tiveram convívio diário e tem aqueles que são tão admirados no que fazem, que servem de inspiração pelo trabalho executado. 

João Vieira

João Vieira, barman do Bar do Juarez, tem na lista grandes profissionais que ele admira pela trajetória. Dentre os mestres elencados estão o Mestre Derivan, Spencer Amereno, Márcio Silva e Carlos Félix. 

“Mestre Derivan pela elegância da trajetória de carreira, Spencer (que trabalhamos por pouco tempo juntos no Myny Bar) me fez pensar fora da caixinha, Márcio Silva pelas orientações de valores e ética na nossa profissão e o Carlos Félix que me deu curso de bartender no Senac e me deu bases que aplico até hoje”, relembra Vieira. 

Henrique Hudson
 Outro que também fez escola no Myny Bar e que também tem Spencer Amereno como um dos professores é o bartender Henrique Hudson, atualmente no Nit Bar, que começou a carreira em 2009 em uma balada na região da Rua Augusta e depois trabalhou com Spencer no Myny e no Frank. 

“Ele realmente foi a principal referência para mim como profissional, principalmente pelo trabalho que ele realiza, é um cara extremamente técnico, com conhecimento muito profundo e eu aprendi muito com ele tanto no Myny Bar, que já tinha essa pegada de coquetelaria clássica e receituário, e quando eu trabalhei como sub-chefe dele por um ano e meio” relata Henrique, que também tem Marcelo Vasconcelos como referência de organização. 

Ana Paula Ulrich
A bartender Ana Paula Ulrich preza, além das dicas dos mestres, também o sistema de hospitalidade dos estabelecimentos em que trabalhou. A profissional iniciou a carreira como barback em Curitiba no Paradis Club, que é mais um bar de balada. De acordo com Ana Paula, o que ela aprendeu de organização, limpeza e padronização de estação durante o período era algo impressionante. 

“Foi meu primeiro emprego e era uma balada, é óbvio que a preocupação deles não é a alta coquetelaria, porém eu vejo que o que eles fazem falta em bares de São Paulo que quer ter essa visibilidade, bares de referência que não tem essa preocupação de hospitalidade que eu vi e aprendi ali no Paradis”, conta a bartender. 

Atualmente Ana Paula trabalha no Palácio Tangará, único hotel 6 estrelas do Brasil, e pontua que está admirada com o serviço impecável da empresa, que tem um padrão de atendimento que rege todo o hotel. Dos mestres, Ana Paula faz referência a Thiago Pereira e Thiago Maeda, chefe de bar e chef de cozinha do restaurante japonês Tessen. 

“Eu trabalhei no Tessen com o Thiago Pereira e Thiago Maeda, eu falo dos dois sim porque aprendi muito com eles. O Thiago Pereira tem uma habilidade incrível de combinação de sabores e exigência técnica de produção muito grande, é uma pessoa que faz uma coquetelaria autoral de verdade, que eu admiro muito. Já o Maeda, que apesar de ser chef de cozinha, sempre me ajudou muito com ingredientes e ele junto com o Pereira tem uma afinação muito legal de equipe”, relata Ana Paula, que diz que apesar de já ter passado um ano que saiu do Tessen, leva um carinho e admiração pelos profissionais. 

drew roza

Às vezes trabalhamos com grandes mestres, porém a admiração pelo trabalho de alguém pode nos ajudar a mirar novos horizontes. Saber ser humilde e estar aberto a aprender com os outros, mesmo aqueles que não parecem experientes, também pode nos ensinar grandes aprendizados.

Este é o caso do bartender Drew Roza, que atualmente trabalha com consultoria de bar em Porto Alegre. Roza começou a trabalhar também em uma balada da capital gaúcha e lembra que o primeiro mestre foi o Binho, que ensinou algumas coisas sobre coquetelaria clássica e a como se divertir com o trabalho.

Drew relembra que depois que saiu da balada, nunca mais foi chefiado e se tornou chefe de bar muito cedo. Foi então que ele começou a buscar referências de coquetelaria e chegou aqui, ao Mixology News, e tentou ao máximo absorver os conteúdos elaborados pelo nosso mixologista e  editor deste site – Marco De La Roche.

“Pontuo o Marco e o Mixology News pela importância de fazer pensar a profissão não apenas na parte da operação e produção de drinques, mas como o desenvolvimento total de ser humano e a relação com trabalho e a sociedade…quando eu li ‘A coquetelaria do interior do país está nas suas mãos’ que eu comecei a pensar no meu desenvolvimento profissional não só como bartender, mas de ser responsável pela mudança cultural da minha região”, relembra Drew. 

O profissional de Porto Alegre também aprendeu ao longo da carreira que aprender também é dar oportunidades. Drew relembra que um dia ele precisava contratar um bartender três dias antes da inauguração de um bar que ele chefiava.

 “O cara que eu tinha contratado não pôde ficar e daí me indicaram a Pamela, mas eu não a queria porque ela não tinha nenhuma experiência, e nem tinha cara de que levava jeito pra profissão…mordi minha língua”, relembra Drew se referindo a bartender Pamela Leseux, hoje proprietária do bar Paralela. 

De acordo com Drew, por muitas vezes o que a pessoa precisa é de uma oportunidade. Hoje a aprendiz Pamela se tornou uma das maiores referências de coquetelaria do mestre Drew. “Aprendo muito com ela e a uso de exemplo para sempre abrir oportunidade para todos”, conclui Drew. 

Por muitas vezes o aprendizado vem de diferentes formas e não necessariamente é a obrigação do mestre conduzir sua na carreira, mas a sabedoria do aprendiz de estar aberto para as oportunidades.

Como concluiu Henrique Hudson o importante é: “Tentar aprender com todo mundo trocar experiências, essa é a grande beleza da profissão…pode ser com um convidado, alguém que você atende, o chefe de bar, ou ajudante, se você tiver humildade para absorver conhecimento, você consegue aprender com qualquer pessoa”. 

E você? Já parou pra pensar quem são os mestres que lhe ajudaram a trilhar o caminho da sua profissão?
Conta pra gente aqui nos comentário, ou mande um direct para essa pessoa, certeza que ela ficará feliz!

*POR GIULIA CIRILO PARA O MIXOLOGY NEWS

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