Black Mixcellence é livro lançado por Tamika Hall e Colin Asare-Appiah que leva o leitor a um passeio pelas contribuições históricas e monumentais de renomados mixologistas negros para a indústria de bebidas nos EUA
Nunca foi nenhum segredo que nos bares e restaurantes do Brasil a maior parte dos profissionais são pretos ou pardos.
Desde a equipe do salão, curiosamente quase sempre com mais brancos e descendentes de europeus do que a equipe da cozinha ou da limpeza, o Brasil carrega até hoje seus traços de embranquecimento profissional (ou embranquecimento do trabalho), uma estratégia desencadeada no final do século XIX por cafeicultores paulistas e que infelizmente persiste no nosso sistema e cultura de racismo estrutural dentro dos bares e restaurantes mais (e menos) relevantes do país.
Na foto, o recorte histórico do Restaurante Roma, em Santos, onde toda a brigada de salão é imigrante européia enquanto a equipe de cozinha é claramente parda e negra.
Como cita o artigo do Museu da Imigração, “entende-se a política de embranquecimento como o aparelho jurídico desenvolvido para garantir a transição gradual e pacífica para a mão-de-obra livre, também garantiam paulatinamente a exclusão dos negros dos postos de trabalho, privilegiando os trabalhadores brancos.”
Atualmente, é inegável que a presença de profissionais negros altamente competentes, personalidades e mestres da coquetelaria está mudando a cena da coquetelaria brasileira, remoldando e ressignificando o que bebemos.
Com toda a certeza que esqueceremos alguns nomes importantes aqui, quero fazer ressalva à influência de bartenders como Laercio Zulu, Maria Bento, Sylas Rocha, Alison Oliveira, Moizes Barros, Caio Bonneau, Frajola Souza, Roger Bastos, Igor Renovato, Rodman Paixão, Bruna Leão,Tom Oliveira, Moisés Santos, Thiago Jamaica, Junior Maia, Cibele Guimarães, Rodolfo Bob, Tato Zacarias, Ana Negra, Leandro Mussum Alive, Washington Campestre, Ornella Boulhossa, José Ronaldo, Marlon Silva, Mauro Melo, Waldir Calado, Saulo Souto, Camila Carlos, Fernando Spolaor, Thomas Souza entre tantos outras e outros que não citamos.
Seja preparando um ótimo cocktail ou servindo uma dose de sua bebida favorita, os autores e mixologistas Tamika Hall e Colin Asare-Appiah estão compartilhando seu amor peloss destilados e histórias na sua mais recente colaboração, “Black Mixcellence: A Comprehensive Guide to Black Mixology” lançada em 2022.
Os dois levam o leitor a um passeio pelas contribuições históricas e monumentais de renomados mixologistas negros e pardos para as indústrias de bebidas alcoólicas.
O livro apresenta histórias sobre alguns dos pioneiros mais notáveis da indústria e aborda empreendedorismo, educação e “famosos em primeiro lugar”. Todos os mixologistas em destaque contribuíram para que a indústria causasse impacto de suas próprias maneiras especiais.
Alguns dos mixologistas notáveis incluem o lendário barman de Nova York Franky Marshall, Tiffanie Barriere do The Drinking Coach, Karl Franz Williams — dono da 67 Orange Street, Barry Johnson do Bartender Barry, Ian Burrell — Embaixador Global do Rum e cofundador do Equiano Rum, Alexis Brown — Embaixador Regional da Marca Hennessy e Joy Spence — primeira mulher Master Blender de Rum.
“Black Mixcellence”, um guia de bebidas para todos, satisfará qualquer apreciador de vinhos e destilados. Os mixologistas e seus coquetéis exclusivos representam várias partes do mundo.
“Historicamente, há apenas um punhado de livros de coquetéis que se esforçam para contar as histórias culturais e históricas dos mixologistas negros e pardos. Os bartenders em nosso livro vêm de diferentes origens e criaram seus próprios caminhos para criar espaços exclusivos para mostrar sua arte.
“Essas histórias precisam ser contadas. Não somos um monólito. ‘Black Mixcellence’ é um livro essencial e fornece uma mudança refrescante na documentação da cultura dos coquetéis para os tempos em que vivemos. Há muito mais histórias, contos a serem contados, e minha esperança é que este livro seja um dos muitos que mostre a amplitude das contribuições dos mixologistas negros para a indústria da hospitalidade”, diz Asare-Appiah, bartender nascido em Gana e criado em Londres.
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