Esse destilado tradicional do centro e leste europeu conta com diversas lendas sobre os ingredientes e também sobre efeitos ‘alucinógenos’ 

O Absinto é um destilado que existe desde o século XVIII e conta com diversas histórias, lendas e também muita desinformação sobre ele. Provavelmente você já deve ter ouvido falar da ‘fada verde’, das alucinações que causa e também que a bebida é um licor feito de anis estrelado, ou ainda erva-doce. 

Todas essas informações realmente estão ligadas ao Absinto, porém não de forma extrema. A bebida nasceu em uma região que atualmente pertence aos países da Espanha, França e Suíça, e na verdade o botânico principal dela é a erva absinto (artemisia absinthium), que no Brasil conhecemos como losna. 

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O gosto presente de anis estrelado e erva-doce, que encontramos ao apreciar este destilado, na verdade são ingredientes usados que disfarçam o amargor característico da losna. Essa receita de Absinto que conhecemos hoje é originária mais ou menos do ano de 1792, quando o médico francês Pierre Ordinaire passou a fazer a receita como bebida. 

Aliás, a origem do Absinto está ligada a área medicinal, como a maioria dos destilados antigos e por muito tempo ela ficou conhecida como “o remédio para todas as doenças”. Essa receita criada por Ordinaire ganhou popularidade e foi comprada por um homem chamado Major Dubied, que começou a produzir em larga escala junto com o genro Henri-Louis Pernod, na Suíça. 

Apesar de a maioria das pessoas associar ao Absinto a cor verde, existem no mercado duas versões dele: a verde e a branca. A versão translúcida é inclusive a primeira versão da receita original, que foi bastante disseminada na região da Suíça. A ideia do Absinto verde surgiu depois, que a partir de um mix de botânicos trouxeram a cor verde escuro e ficou popular na França. 

No passado, o Absinto era classificado em três teores alcoólicos distintos: Absinthe Suisse cuja graduação alcoólica variava de 68-72%, Demi-fine de 50-68% e Ordinaire que variava entre 45-50%.

Ficou muito popular no século 19, em que vários artistas usavam da ‘inspiração’ dessa bebida extremamente alcoólica para criar e é ao Absinto que atribuem o surto de Van Gogh naquele ato violento de cortar o pedaço da orelha direita – após um porre do destilado. 

“É uma bebida envolta em fake news…quando você fala sobre Absinto o olhar das pessoas já muda, pois é um destilado que historicamente carrega mistérios e curiosidades”, relata Renato Chiappetta, empresário e fundador da San Basile. 

Segundo Chiappetta, a lenda de o Absinto ser uma bebida alucinógena se deve ao fato de que existe um composto químico encontrado na losna que se chama Tujona, que tem como propriedade efeitos terapêuticos semelhantes à maconha. Porém com o teor alcoólico da bebida, a presença de tujona é bem baixa e para chegar a ter os ‘tais efeitos alucinógenos’ a pessoa tem que ingerir ao menos 10 garrafas – o que lhe trará um coma alcoólico e definitivamente não um barato legal. 

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Pensando em trazer esse perfil sensorial do Absinto para a coquetelaria brasileira e também fazer um resgate desse destilado lendário, Renato Chiappetta mergulhou nas pesquisas sobre a bebida e trouxe para a portfólio da San Basile a produção do Absinto verde e branco. 

De acordo com Chiappetta a ideia foi basear a receita na fórmula mais genuína possível do Absinto original, em que tem bastante presença da erva absinto (ou losna) e os ingredientes com o natural dos botânicos. 

“No projeto da San Basile, buscamos usar o mínimo possível de anis estrelado e erva doce nas fórmulas, tentamos seguir a cartilha original do Absinto…nas nossas pesquisas, trouxemos o Absinto Verte, que nós colorimos ele de forma natural, o que é raro até de se encontrar. Isso faz parte do nosso DNA de sempre buscar trabalhar o mais natural dos botânicos”, relata Chiappetta. 

De acordo com o embaixador da San Basile, Caio Bologna, para chegar na cor ideal do Absinthe Verte (que é uma cor quase dourada), foi-se usado uma carga de folhas e ervas para trazer a tintura ideal, o que configura em um perfil mais herbal e seco. Já o Absinthe Blanc tem no sabor um perfil sensorial mais suave. 

Apesar das histórias, o Absinto hoje é comumente consumido nos bares com um ritual de apreciação conhecido como La Louche (aquele em que o torrão de açúcar ‘pinga’ dentro da bebida) e também tem uma performance na coquetelaria funcionando como um bitter.

“O pessoal tem usado ele mais como um dash, porém o Absinto é um espírito e pode ser usado como um destilado base de coquetel, que é uma forma mais diferente de apresentá-lo para o público” relata Caio. 

Seguindo essa proposta, o bartender Adenilson Dantas, mais conhecido como Borracha, do Barlavento, do Espírito Santo, criou uma receita que contém como destilado base o Absinto Blanc da San Basile, que ganha ainda mais frescor com mix de cítricos, manjericão e xarope de pêssego. 

“O Absinto Blanc tem um sabor complexo com notas herbais que combinam bastante com os coquetéis mais cítricos e refrescantes, como é o caso do Pituã Island”, relata Borracha. 

Além da característica botânica, o Absinto também traz um dulçor natural para a receita, porém Caio Bologna alerta que o destilado original não tem adição de açúcar e essa característica adocicada é o resultado dos ingredientes, como a erva-doce.

Essa propriedade também está presente no Absinto Verte, que traz para a receita o botânico mais em evidência junto com o adoçante natural, como o coquetel  ‘Cobiça, Amor e Luta’, que leva abacaxi e mel de cacau. 

“O Cobiça, Amor e Luta é um drinque com Absinto verde como base, 50 ml na receita que é algo bem incomum de se ver por aí na coquetelaria”, conclui Caio. 

aprenda as receitas

Pituã Island

60 ml de Absinto Blanc San Basile
35 ml de xarope de pêssego
20 ml de suco de limão tahiti
20 ml de suco de limão siciliano
6 a 10 folhas de manjericão orgânico

Adicione todos os ingredientes e gelo na sua  coqueteleira. Bata vigorosamente e coe duplamente numa taça snifter com gelo. Finalize com um twist de Limão siciliano e uma folha grande de manjericão orgânico.

Receita do bartender Adenilson Dantas “Borracha” 

Cobiça, Amor e Luta

50 ml de absinto verde San Basile
15 ml de abacaxi
15 ml de mel de cacau
5 ml de suco de limão tahiti
5 ml de xarope de açúcar simples
Emulsificante
Rodela de abacaxi desidratado e folhas de melissa

Bater todos os ingredientes em uma coqueteleira. Faça um hard shake e coe duplamente para um copo baixo com gelo. Finalize com rodelas de abacaxi desidratado e folhas de melissa.

Receita do embaixador Caio Bologna da San Basile

Para conhecer essas e outras receitas com Absinto acesse aqui

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