Dry Martini. A história do drinque mais famoso da coquetelaria em 6 etapas:
Como o Dry Martini foi se moldando de 1882 até 2013, de xarope de goma a vermute tinto, maraschino, kina lillet e vodka.
Conheça um pouco mais dessa lenda dos bares e porque ele encanta cada vez mais os bartenders e clientes do mundo inteiro.
Antes, dá uma passadinha aqui pra conhecer a receita do Dry Martini.01 | MARTINI COCKTAIL – O ANCESTRAL (1882)
Retirado do Manual de Bartenders, escrito por Harry Johnson’s em 1882. Esse não foi o primeiro livro de bartenders, mas provavelmente o primeiro lugar onde algum Martini foi apresentado. Quer saber como era a receita original, traduzindo ao pé da letra:
Preencha o copo com gelo, coloque 2 ou 3 dashes de xarope de goma, 2 ou 3 dashes de bitters (Bokers Bitters), 1 dash de curaçao ou absinto, se solicitado, 1 wine glass (aprox. 60ml) de old Tom gin e 1 wine glass (aprox. 60 ml) de vermute.
Mexa bem com uma colher, coe para uma taça tipo coquetel, coloque uma cereja ou uma azeitona de tamanho médio, se for pedido, e sirva com um pedaço de casca de limão torcido sobre o drinque.
02 | MARTINEZ COCKTAIL – DA CALIFÓRNIA PARA O MUNDO (1887)
O pai da coquetelaria americana, Jerry Thomas, lançou seu livro, por sinal o primeiro livro publicado nos EUA, The Bartenders Guide, em 1862. Porém, dois anos após seu falecimento, em 1885, uma nova edição foi lançada com uma nova receita chamada Martinez. Curiosamente, Martinez também é o nome de uma cidade localizada no norte da California, EUA. Martinez só havia se tornado cidade no ano de 1880, e conta uma das lendas que o próprio Jerry teria criado a receita para um homem de lá. Acompanhe ela abaixo:
Obrigado a Darcy O ‘Neil, do Art of Drink, pela receita divulgada.
03 | MARQUERITE COCKTAIL | OUTRO NOME PARA O MESMO DRINQUE (1896)
Já no ano de 1896 o drink apareceu em um livro chamado “Stuart’s Fancy Drinks and How to Mix Them”, escrito e publicado por Thomas Stuart. E em 1900 a palavra Martini já era reconhecida pelos bartenders dos dois lados do Atlântico. A receita era:
1 dash bitter de laranja
2 partes de Plymouth gim
1 parte de vermute francês
Muito parecido com o Dry Martini, não?!
04 | DRY MARTINI COCKTAIL – AGORA SIM, DRY MARTINI PRA SEMPRE (1908)
No ano de 1900, o autor William Boothby publicou o livro “The World’s Drinks And How To Mix Them”. Já em 1908 o livro foi reimpresso com o mesmo nome, só que com a primeira receita do Dry Martini Cocktail nele. A receita consistia em gim, vermute seco francês, bitters de laranja, casca de limão torcida e azeitona. Aqui está uma referência dessa época:
05 | KNICKERBOKER MARTINI – CLARO, NO KNICKERBOCKER HOTEL (1911/1912)
Muito próximo do Dry Martini atual, foi criado pelo bartender Martini di Arma di Taggia, do Knickerbocker Hotel, em Nova York, para o magnata da época, Jonh D. Rockfeller. A missão do Martini, que criou o Martini, era entregar um drinque extremamente seco para o ricaço.
Vários e vários livros da época passaram a registrar essa receita como a certeira, deixando as variações em desuso, e também dando espaço para que as variações se tornassem conhecidas por elas mesmas, como o Martini Special, Sweet Martini, etc.
A receita é essa aqui:
2 partes London dry gim
1 parte vermute seco francês
2 dashes bitters de laranja
Taça: martini
método: mexido
Decoração: azeitona e/ou casca do limão
05 | VESPER MARTINI – JAMES BOND, SMIRNOFF E HOLLYWOOD (1953)
O mundo comemorava o pós guerra, Hollywood estava em festa e James Bond nascia pelas mãos do escritor inglês Ian Fleming. O Dry Martini, já apreciado em todo mundo, passou a competir em pedidos com o Vesper Martini, receita que dividia o gim com a vodka e um toque de Kina Lillet, um aperitivo que já não existeatualmente, apenas uma marca similar chamada Lillet Blanc.
Dessa variação surgiu então o Vodka Martini que todo mundo já conhece. Em uma ação de marketing arquitetada pela Smirnoff Vodka nos anos 50, a grande sugestão da década passou a ser provar as delícias do Dry Martini com a suavidade da vodka. E temos até hoje essa receita em nossas vidas. Acompanhem nesse vídeo do James Bond.
06 | DRY MARTINI – CONTEMPORÂNEO E ATUAL (2012)
Terminando nossa saga na história do drinque mais famoso da história da coquetelaria americana, vamos falar do estilo de Dry Martini que mais se encontra nos bares de todo o mundo nos últimos anos. As medidas favorecem o gim, que se tornou cada vez mais seco, com a adição de pouquíssimas gotas de vermute seco francês. A azeitona continua lá, intacta, mas uma casca de limão, seja tahiti ou siciliano, cai muito bem nessa receita.
Aproveite o Dry Martini hoje, porque vai que, daqui a alguns anos, tudo mude novamente!
75 a 100 ml London dry gin
3 gotas de vermute seco francês
1 azeitona verde
Preparado em um mixing glass com 8 cubos de gelo, através do método mexido. Coado duplamente e servido em uma taça martini previamente gelada, com uma azeitona verde e uma casca de limão siciliano torcida por cima do drinque.
ATUALIZAÇÃO DA RECEITA….. JÁ MUDOU!
Se você perceber bem, muitos dos melhores bares do planeta já começaram a mexer novamente na sua receita de Dry Martini ideal.
Acompanhando a tendência de estagnação do mercado de vodkas, do interesse do consumidor em tomar drinques com menor graduação alcoólica, podemos dizer que estamos começando a ver uma nova releitura do Dry Martini, algo parecido com o Marquerite Cocktail que falamos acima.
Os seja, experimente seu Dry Martini em diferentes proporções de gin versus vermute, por exemplo 2:1 ou até 1:1; o conhecido Dry 50/50.
E não esqueça de nos contar como foi a experiência.
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