Um guia completo para entender a força dos licores e aperitivos na Itália
Na Itália, é costume iniciar as refeições com um aperitivo antes do jantar e finalizar com um digestivo pós-jantar, licores italianos como amari, sambuca e limoncello fazem parte da cultura gastronômica tanto quanto a própria refeição.
Agora, são tantos estilos e diferentes composições que resolvemos fazer um grande guia para você, que ainda não está por dentro de todos os sabores da Itália. Mas antes, precisamos entender o que é um licor, de acordo com a Legislação Brasileira. Acompanhe abaixo.
Para isso, precisamos checar a seção VI – Das Bebidas Alcoólicas por Mistura, Art. 67. do Decreto Nº 6.871, de 4 de junho de 2009. que define, entre outras coisas que Licor é a bebida com graduação alcoólica de quinze a cinqüenta e quatro por cento em volume, a vinte graus Celsius, com percentual de açúcar superior a trinta gramas por litro, com composições específicas, que pode-se ver no artigo acima.
Licor, do latim liquifacere, significa dissolver ou liquefazer. Durante a Idade Média, as tinturas foram inventadas pelos monges como remédios para curar ou tratar várias doenças.
Na história italiana das bebidas, esses destilados são adoçados com açúcar ou outros adoçantes e aromatizados usando diferentes ingredientes, variando de frutas por exemplo Chambord, a chocolate, como o Mozart, flores por exemplo, St-Germain, nozes, como o Amaretto, ou ainda o mel, como o Drambuie, café, por exemplo, Tia Maria,ervas e especiarias por exemplo, Galliano, nata, como o Amarula ou até vegetais como a alcachofra, por exemplo, o Cynar.
“Ervas secas, frutas, sementes e outras flores medicinais foram infundidas em álcool para liberar seus óleos essenciais. O açúcar também foi adicionado a esses licores iniciais para torná-los mais palatáveis e saborosos”.
Existem também vários licores tipo creme, ou seja, com maior adição de açúcar, como o de Cassis e o Banana, entre outros, que tendem a conter quantidades mais baixas de álcool, cerca de 15%, o que coloca a categoria completamente diferente.
A primeira conta que no início da feitiçaria, lá por volta de 200 a 300 depois de Cristo, as primeiras bruxas européias preparavam uma poção que misturava frutas, ervas, flores, especiarias e outros ingredientes mais incomuns com propriedades misteriosas que uniam os casais de amantes que a consumiam.
A segunda história tem um pezinho na primeira. Uma jovem, após tentar reconquistar de todas as formas o seu amor, teria preparado uma bebida afrodisíaca e adocicada a partir da maceração (nome técnico para o que chamamos de infusão) de frutas e ervas. Bom, que toda bebida tem a sua lenda a gente já sabe, mas, baseando-se nessas histórias é possível entender que o mais provável é que os licores tenham surgido nas caldeiradas caseiras, com propósitos medicinais, que os povos antigos faziam para se curar dos mais diversos males.Tudo mudou quando, no século X, os árabes conseguiram obter álcool a partir da destilação e fermentação. A partir desse momento, o álcool passou a ser empregado nas bebidas medicinais que eram preparadas como remédios ou simplesmente tônicos. Já em 1250, o alquimista catalão Arnould Villeneuve conseguiu extrair os princípios aromáticos das ervas através da maceração no álcool, conservando todas as propriedades e essências dos ingredientes. E o licor moderno, como o conhecemos, foi então criado.
Licor de anis
Sambuca é semelhante ao anis, mas é feito a partir de uma destilação de anis estrelado. Sambuca ‘con la mosca’, que significa ‘com mosca’ em italiano, tradicionalmente vem com três grãos de café flutuando no topo para simbolizar saúde, riqueza e boa sorte.
Para aumentar a diversão, a superfície da sambuca é incendiada brevemente antes de servir para torrar o café e depois apagar antes de beber. Outros preferem diluir este licor doce com água gelada. Molinari é a marca de sambuca mais popular do mundo e está em operação desde 1945, um testemunho de seu sabor e eficácia como digestivo.
Licor de laranja
Campari, o licor amargo vermelho, é mais comumente servido com água tônica ou com partes iguais de vermute rosso e gin como um Negroni. Você também pode apreciar esta categoria de licores agridoce em um refrescante spritz simplesmente adicionando espumante e gelo.
Campari foi originalmente criada em 1860 em Milão, na Itália, mas a receita , que continua secreta, exige agora 60 ingredientes diferentes, incluindo cascas de laranja, bergamota, ruibarbo, ginseng e ervas.
Além do mais famoso representante da família,seu primo menos conhecido Aperol tem feito muito barulho nos bares do mundo inteiro nos últimos anos, por um perfil de laranja diferente, mais frutado e menos amargo.
Licor de avelã
Frangelico é facilmente reconhecível com sua distinta garrafa franciscana em forma de frade. Nomeado após o monge eremita piemontês, que se acredita ter vivido na região durante o século 18, a receita para este licor doce de sobremesa remonta a séculos atrás. As avelãs conhecidas como Tonda Gentile são embebidas em um espírito de base, juntamente com café, cacau, fava de baunilha e outras ervas. O licor resultante é filtrado, adoçado e engarrafado.
Licor de limão
Um gole de limoncello é um sabor inesquecível. Na Itália, este delicioso digestivo é servido em copos gelados e líquidos mais ainda. Feito de cascas de limão que são fermentadas e depois maceradas em álcool, o limoncello é frequentemente associado à Costa Amalfitana em cidades como Sorrento, onde os limões grandes e perfumados crescem em abundância. Seu sabor refrescante e picante o torna esse o licor de verão perfeito.
A marca Luxardo de Maraschino traça seu passado histórico de seis gerações até a fundação de sua destilaria original em 1821. Feito a partir de uma verdadeira destilação de cerejas de Marasca azedas e caroços esmagados, este licor italiano claro é daqueles que todo bar deveria ter uma garrafa a disposição dos clientes.
Seu sabor sutil e amargo de amêndoa fará maravilhas quando se trata de aprimorar seus coquetéis. Afinal, nem todo licor pode se vangloriar da denominação “Privilegiata Fabrica Maraschino Excelsior”, uma distinção que o Imperador da Áustria concedeu ao licor Maraschino da família Luxardo em 1829.
A marcar Luxardo é apenas uma das inúmeras disponíveis na Itália, mas sem sombra de dúvidas, a mais conhecida em todo o mundo.
Licor de amêndoas
Amaretto é frequentemente usado em sobremesas e coquetéis. O nome ‘Amaretto’ significa ‘pouco amargo’ em italiano, embora o licor seja tradicionalmente doce. Disaronno é a marca mais conhecida de amaretto, produzida na cidade de Saronno. Quem prefere um licor de amêndoa com sabor um pouco mais amargo deve experimentar a Averna, fabricante de amaretto da Sicília.
“Dependendo da marca, o licor de amêndoa doce e escuro é aromatizado usando vários ingredientes, como: essência de amêndoa, óleo de semente de damasco, ervas e outros vegetais”
Licor Rosolio de bergamota
Rosolio é um estilo antigo de licor italiano, trazido originalmente da Espanha, e que costumava ser aromatizado com a erva Drosera Rotundifolia que lhe dá este nome, “ros solis”, ou então, “orvalho do sol”. Os Rosoli são muito comuns no sul da Itália, costumam ter baixo teor alcoólico e ser artesanais.
O Rosolio foi sumindo aos poucos dos bares e restaurantes, se tornando apenas comuns nas casas de avós italianas. Mas graças a um novo licor criado por Giuseppe Gallo, baseado em uma receita de 1850 a história está sendo novamente contada.A Italicus é uma das marcas mais recentes a entrar no cenário dos aperitivos. Com base em uma receita do século XIX, o Italicus dá ao tradicional Rosolio (um licor de pétalas de rosa) um toque moderno, adicionando notas de bergamota da Calábria, cedro (ou cidra) e uma maceração de erva-cidreira, camomila, lavanda e genciana.
Licor de ervas
O intenso e inesquecível Fernet-Branca foi criada em 1845 em Milão, na Itália e é um digestivo amargo à base de plantas. A bebida, que na verdade é preta, ganhou esse nome em uma homenagem ao seu criador, Bernardino Branca.
Este bitters milanês é feito de uma mistura secreta de 27 ervas diferentes e outras flores, raízes e plantas que ajudam a digestão e acalmam o estômago. Entre eles, aloé, raiz de genciana, cinchona vermelho e outras colhidas em 4 continentes e envelhecida em barris de carvalho durante mais de um.
O Fernet-Branca se transformou em paixão dos argentinos, que chegam a consumir 13 milhões de litros por ano e é frequentemente consumido puro e servido em um copo cordial, mas também pode ser combinado com gin e vermute doce em um Hanky Panky.
Licor Alkermes
O Alkermes é uma bebida que faz parte da tradição confeiteira da Itália e está presente em praticamente todas as cozinhas das famílias italianas. Este licor é muito usado para fazer a receita da Zuppa Inglese, da todo ao lado, uma tradicional sobremesa de creme e biscoito champanhe que lembra o nosso pavê.
Este licor italiano é feito com infusão de álcool neutro com açúcar, canela, cravo, noz-moscada, baunilha, ervas, agentes aromatizantes e kermes – um pequeno inseto parasita, que após a secagem se extrai o corante natural carmesim, o que traz para a bebida a coloração vermelho vibrante.
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