A Brincadeira do Copo
(crônica de Gilberto Amendola para o Mixology News)

Um copo nunca é só um copo.

Nele, diria o poeta, cabe todo o sentimento do mundo.

Invenção mais útil do que a roda.

Com ele nas mãos, você nunca está sozinho.

A melhor companhia, confidente e ombro amigo.

Espada e escudo.

  • Me dê um copo e eu conquistarei o mundo!

Na alegria e na tristeza.

Antes fundo do copo do que fundo do poço.

Mergulho dos sábios, espelho dos distraídos.

Ora meio cheio, ora meio vazio.

Salto triplo do balcão, espatifado no chão ou atirado contra a parede.

Cacos por todos os lados – e o que era vidro se quebrou.

O corte no dedo, sangue.

Copo transnacional, o americano mais brasileiro do salão.

Veja que engraçado o pescoço fino da taça de Martini.

Ou a cintura larga daquele onde se derrama o conhaque.

O gordo e o magro.

Copo não é brincadeira, copo de ponta-cabeça pode conter uma alma penada.

O espírito não é bobo, procura logo um copo para se manifestar.

  • Tem alguém aí?

Sim.

(Não vale empurrar com o dedo).

  • E quem é você?

  • Sou o ‘bom de copo’.

  • E o que você quer?

  • Um gole.4597125928_169457f054_o

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