Gim e isso, o q é? Que tal experimentar novos hábitos, novos sabores? Você pode se surpreender!
Eu costumo ser pontual. Sempre tento, e quase sempre consigo, chegar sempre no horário. Na minha cabeça, a pontualidade é diretamente proporcional à preocupação. Você gosta, você não se atrasa. Você precisa, idem. Acho que já deu o tempo em que o “primeiro a ser convidado, último a aparecer” era sintoma de ser cool. Porém, recentemente, tenho mudado de hábito. Parei de chegar no horário combinado. Eu chego antes.
O primeiro motivo, é que sou um péssimo cumprimentador. Chegando mais cedo, posso cumprimentar cada um que chega, separada e homeopaticamente, o que ameniza o esforço. Mas isso jamais seria motivo para fazer-me adiantado. Tenho um pequeno prazer que me suga cedo ao restaurante: tomar meu drink da reflexão.Andrew Bird compôs uma música chamada Simple X (uma abreviação de “simple exercises), que fala sobre aquele momento em que você acorda, depois de levantar, antes de tomar o café ou ler o jornal. Aqueles minutos de torpor, quando você involuntariamente programa o que fará e em que ordem, naquele dia ou semana e faz uma série de pequenos exercícios mentais. É sensacional e é isso. Chegar mais cedo ao restaurante e pedir um drink te faz calar a boca por um segundo e se organizar quanto à noite, resgatar aquele assunto pendente com seu amigo, lembrar de agradecer por um presente. Também são cinco minutos de suspiro, para recuperar o fôlego perdido durante o dia.
Vale a pena, eu prometo. Não bastando isso, você ainda figura de educadinho – o menino que está sempre lá, bonitinho, antes dos outros. (o bonitinho, no seu caso, eu não garanto).
É preciso entender que este não é o famigerado e supercoxinha drink “para abrir os trabalhos”. Não. Para abrir os trabalhos, você precisa pensar em progressão de sabores e estrutura, do tipo “uma taça de espumante, porque, se tomar um whisky, vou matar as bebidas consecutivas”. Esqueça. Beba o que quiser: o exercício é seu e dispensa personal trainer.
O meu atual “simple x” favorito é, aliás, um assasino – se considerarmos a tal consecução de sabores. Chama-se Gin & It (Ah! Que nome!). Redescobri o Gin & It há bem pouco tempo, num papo com Daniel Warner – atual embaixador global da Absolut Elyx. Todavia, Warner já foi embaixador da Beefeater e também é exímio barman. Conversávamos sobre a rixa entre gim e vodka e descobri termos o mesmo bar favorito do mundo em comum, o Bramble, em Edimburgo (e foi lá que tomei meu primeiro Gin & It). Ele me encorajou a redescoberta e ainda deu umas dicas. Voltei pra casa sedento e treinei a confecção em proporções variadas. Deu certo. Virou top 5.
Algumas razões para amar um bom Gin & It:
- O nome;
- Não vai gelo;
- É ridiculamente fácil de fazer;
- Não é caro;
- Não é clichê;
- Eu estou falando que é bom.
Mas o que é um Gin & It?
Simples: Gim + Vermouth Italiano (daí o trocadilho com “It”), na proporção que lhe fizer mais gosto.
Faço com duas partes de gim para quase uma de vermouth, sem gelo, mas se ficar acuado, um cubinho não machuca ninguém. Uma casca de laranja, limão ou grapefruit para parecer difícil e that’s it! Não há como não amar. Eu admito que dá uma certa reticência, assim só de ouvir falar. Soa como uma combinação pesada, sem gelo, coisa de velho e até é. Só que funciona como um conhaque. Você vai bebendo aos poucos, de goles curtos, untando a boca e pensando no que tiver que pensar (não se esqueça de agradecer por aquele presente). É de bom tamanho deixá-lo pago, antes que sua companhia chegue. Também é bom para o final da refeição, mas aí você terá deixado de fazer seu exercício. E aí engorda.
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