Palha de aço na coquetelaria?? Chama o VAR!

Palha de aço na coquetelaria, pode ou não pode?? Descubra os perigos de usar esse produto de limpeza no seu drink.

Provavelmente os algoritmos já te impactaram com posts e stories de drinks com  usando (pasmem) palha de aço queimando como fogos de artifício em cima de um coquetel, não é?!

Com certeza, nascidos nos anos 80 e 90 devem lembrar das propagandas do Bombril com suas 1001 utilidades que passavam constantemente na tv aberta. Mas será que dentre as 1001 utilidades do bombril, a decoração, a guarnição (se é que se pode chamar assim) de coquetéis está inclusa? Será que essa utilização está de acordo com normas sanitárias? Vem comigo e vamos fazer uma revisão do ponto de vista químico sobre a polêmica palha de aço.

A palha de aço é um produto muito importante na limpeza de panelas, talheres e outros utensílios metálicos utilizados, além de ser uma ótima opção para limpar eletrodomésticos como o fogão.

Dessa forma, as lãs e palhas são objetos muito versáteis que proporcionam uma higienização profunda e mais rápida embora até o final do texto, trarei uma novidade sobre o uso dela na cozinha.

A palha de aço é composta por ferro e carbono, sendo que o ferro apresenta-se em maior quantidade na composição e sua obtenção se dá através da extração por usinagem (desgaste da matéria prima bruta) do arame de aço carbono, que produz os filamentos finos de ferro como conhecemos.

Como já sabemos, o ferro é um metal que pode sofrer oxidação onde a ferrugem é o produto da interação do ferro com outras duas substâncias: a água e o oxigênio. Mas essa não é a única forma de obtermos a ferrugem.

Podemos obter a ferrugem, também, através da combustão do ferro com sua queima. Quando queimada, a palha de aço aumenta sua massa, devido ao ferro escaldante combinado com o oxigênio onde chama obtida é alaranjada, e o resultado da combustão são vários óxidos de ferro (ferrugem) e calor.

Pra quem já leu a matéria de Ácidos na Coquetelaria, já deve estar sabendo sobre a FISPQ dos ácidos, e para justificar meu posicionamento contrário a utilização da queima das palhas de aço na coquetelaria, irei me basear na FISPQ da palha de aço, disponível pela fabricante Bombril.

Quando analisamos no item 5 as medidas de combate ao incêndio, notamos na parte “perigos específicos” que a combustão do produto podem gerar gases irritantes ou tóxicos. Ok, então já temos um motivo pelo qual não queimar em frente ao cliente, muito menos em algo que será ingerido por ele. Mas dando continuidade aos perigos, vamos analisar o óxido de ferro III, também com sua FISPQ.

Logo na seção 1, no campo de Utilizações identificadas relevantes da substância ou mistura e utilizações desaconselhadas, temos a informação de que não devemos utilizar para produtos que são destinados ao contato com alimentos.

Ainda na FISPQ do óxido ferroso III temos, na seção 7 – manuseio e armazenamento, mais uma vez, que não devemos armazenar próximo de produtos alimentícios.

Além disso, o uso de palha de aço foi excluído dos ambientes de cozinhas industriais e restaurantes através da Portaria SMS número 2619 de 06 de dezembro de 2011,  e nesta portaria através do item 4.3, cita que “o procedimento de limpeza e desinfecção devem garantir a não contaminação dos alimentos por meio da utilização de procedimentos, equipamentos , utensílios e produtos adequados.”

Atenção para as Medidas de Primeiro Socorros relacionadas ao contato com o produto.

Mas por que a palha de aço não é mais permitida?

Quando uma panela de alumínio é areada, por meio de uma palha de aço, há uma remoção da camada de óxido de alumínio e, também, da camada superficial de proteção, o que aumenta a possibilidade de íons metálicos serem transmitidos para os alimentos. Além disso, a própria esponja de aço pode oxidar, enferrujar com o passar to tempo, liberando farpas para os pratos, superfícies e, inclusive, os alimentos a serem preparados gerando contaminação cruzada.

Ainda que o drink da foto de capa, servido em um dos melhores bares do mundo, tenha uma responsável vedação em relação ao líquido presente, precisamos nos perguntar: este aroma de palha queimada agrega no coquetel? Aparentemente não.

Então, dadas as informações e uma breve análise química sobre a composição da palha da aço, sua FISPQ e todos os dados apresentados, fica o questionamento.

Você realmente acha que vale a pena insistir numa apresentação como essa, dando de ombros para as recomentações sanitárias ou deveriamos deixar a queima das palhas para a diversão dos jovens nas festas juninas?