Há alguns anos a Caipirinha está presente em todas as pesquisas sérias sobre o estilo de beber como uma das receitas de maior ascensão mundial.
Podemos encontrar a combinação de limão, açúcar e cachaça nos quatro cantos do mundo, do Canadá à Suíça, da África do Sul ao Japão.
Agora, devemos ficar extremamente atentos no que está por trás dessa febre brasileira.
.Entendemos que o processo de aceitação de receitas consagradas acompanhe as tendências de sua geração, como o Dry Martini na efervescente década de 20, os shooters na confusa e decadente década de 80 e por aí vai.
.A Caipirinha também acompanha as novas tendências e mudanças de pensamento na sociedade como a busca por ingredientes naturais, o retorno do minimalismo e a aceitação do tosco como resposta ao glamour cansativo dos anos 90.
A unidade na coloração e a praticidade na preparação também impulsionaram a receita genuinamente brasileira no exterior. Como exemplo de aceitação a essas novas tendências temos o Mojito, que retorna novamente como ícone dessa transição, juntamente com a Caipirinha, criando uma grande tendência tropical na coquetelaria – que não tem qualquer semelhança com o conceito caribenho de excessos de sabores, colorações e doçura.
É preciso esclarecer também que de acordo com Decreto nº 4.851, de 2003, que regulamenta a cachaça como bebida tipicamente brasileira e que necessita de especificações na sua produção, tivemos uma abertura mundial para o destilado que sempre foi confundido com o rum, e logo surgiram diversas empresas focadas em cachaça do tipo exportação.Agora, com o reconhecimento dado pelos Estados Unidos à aguardente, as portas estão escancaradas para o crescimento do destilado. Tanto que marcas históricas de cachaça começam a ser desejadas por grandes grupos mundiais, como a concretização da compra da Ypióca pela Diageo.É verdade cada região, continente ou país tenha que se adequar às realidades e necessidades para servir determinada receita, ainda que para isso infelizmente tenha que modificar a receita original, (o que é assunto para um artigo inteiro), espero que não se torne padrão receitas de Caipirinha como a que provei na Suécia, utilizando limão siciliano e açúcar mascavo, ao invés de limão Tahiti e açúcar refinado.
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