Sabe aquela época em que tínhamos uns 12 anos e roubávamos sorrateiramente uns goles das bebidas que o pai mantinha na prateleira do barzinho da sala de casa só para contar vantagem com os amigos e dizer que bebemos vodka, tequila e outros destilados proibidos da adolescência?Claro que omitíamos a parte da cara feia que logo aparecia quando mandávamos pra dentro uma dose de whisky. O lance era tirar onda com as bebidas de gente grande.
A verdade, é que nosso paladar, nessa época das boas lembranças dos 12, não está nem um pouco preparado para a delicadeza de uma vodka ou o sabor defumado de um whiskey. Ainda buscamos as coisas doces da vida e não estamos nem aí para essa tal complexidade.
O gosto pelo chá tem um pouco do sabor da idade. Para nós que curtimos, às vezes queremos mostrar “o que é bom” para um amigo e oferecemos algo como um pu-erh (chá envelhecido por alguns anos antes de ser consumido) para o coitado. Um purgante, isso sim. Não, os pu-erhs não são ruins de modo algum. Mas são difíceis. Leva um tempo até chegar neles e aproveitar aquele gosto terroso e denso que muitos trazem consigo.
Nos atraímos pelo desconhecido, mas caímos de amores mesmo por aquilo que já conhecemos. O amigo que está começando no chá vai, muitas vezes, preferir uma infusão de frutas ao oolong chinês caro que você comprou naquela loja online que só você conhece. E tudo bem! Foi assim que eu comecei (e tenho a sensação que estou no início todos os dias).Aos poucos, o gosto vai evoluindo, o paladar vai pedindo coisas novas e a gente vê que mesmo os sabores mais obscuros são só o começo dessa aventura pelo chá.
O tempo de provar algo para os amigos ficou no passado. É hora de aproveitar.
E, de verdade, não tem problema nenhum fazer cara feia de vez em quando.
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