A história dos canudos, desde sumérios até os dias de hoje
O primeiro canudo que se tem registro na história data de 3.000 anos a.C., em plena Mesopotâmia (atual Oriente Médio) e tem como idealizadores os povos sumérios, que o utilizavam para beber cerveja.
A foto abaixo mostra a beleza desse utensílio, feito apenas de ouro e lápis-lazuli, as matérias primas mais restritas da época, o que nos leva a acreditar que estavam à serviço da nobreza da civilização suméria.
É possível também que o primeiro canudo que se tem conhecimento na história seja também o canudo mais caro e sofisticado.
De acordo com esta matéria do The Economist os canudos eram usados para sugar a cerveja sem que os sedimentos que se acumulavam fossem tragados.
Na imagem abaixo, os hieróglifos sumérios deixam claro como era utilizado esse canudo longo, impedindo que os sedimentos superiores fossem bebidos.
Já no ano de 1888, quase 130 anos atrás, o inventólogo americano Marvin Stone, de Washington, EUA, patenteou o primeiro canudo da história.
Antes disso, o que se usava era principalmente canudos feitos com a palha do centeio (foto abaixo), algo muito mais ecológico e sustentável do que o plástico.
Outra opção, mais difícil e cara, era um papel mais resistente com uma fina cera que dava certa impermeabilidade ao canudo, mas o deixava mais pesado. Em alguns lugares da Ásia, canudos de papel de arroz também eram utilizados.Porém Marvin Stone, que era fã de Mint Julep, se incomodava com o sabor residual que o centeio deixava na boca após molhado, além do fato de que com o tempo, ele começava a se desintegrar na bebida.
Stone era o cara que tinha que resolver esse problema. Ele já tinha conhecimento de manuseio de pequenos cilindros então logo percebeu que poderia trazer uma solução apropriada.
Ele enrolou uma folha de papel em uma caneta, passou uma cola e pronto. Tinha o primeiro canudo de papel da história e em dia 3 de janeiro de 1888 registrou a patente da invenção.
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Com o crescimento do mercado de “Pharmacies” e de “Soda Fountain”, ele que já havia patenteado e organizado a produção em Washington, se viu como o líder do mercado regional, com grandes possibilidades de expansão.
O The Lafayette Advertiser, jornal de 1889, citava já “o homem que produzia de 1.000.000 a 2.000.000 canudos por dia”. Marvin Stone faleceu 10 anos depois, deixando uma empresa saudável para se transformar em uma grande corporação.
No mês após o seu falecimento, a publicação The Spatula, voltada para o mercado de farmácias, publicou a seguinte nota “Onde quer que haja uma Soda Fountain, o nome do Sr. Stone será, sem sombra de dúvidas, lembrado para sempre.”
No entanto, o canudo de papel não resolvia todos os problemas. Se por um lado, o sabor residual do centeio não era mais um problema, agora, a durabilidade passava a ser a questão, já que o canudo de papel costumava desintegrar no líquido.
O próximo passo da história dos canudos aconteceu em 1937, quando o inventor Joseph B. Friedman, ao perceber sua pequena filha se contorcer para conseguir beber um milk-shake grande, com a sua pequena altura.
Foi então que ele resolveu patentear um canudo de papel dobrável, o Flex-Straw. A chegada dos canudos de plásticos aconteceu de fato entre os anos de 1960 e 1970. As qualidades do plástico em relação ao papel, como resistência, capacidade de dobra, produção com transparência, transformaram o consumo, sendo no começo dos anos 80, o plástico já uma unanimidade.
Selecionamos uma série de tipos de canudos que pode servir para você algum dia. Acompanhe:
O canudo de gelo é o modelo que menos agride a natureza, sem dúvida. Porém, ele tem uma série de “contras”.
Dilui rápido, muitas vezes antes da hora. Em países tropicais como o Brasil seria difícil tê-lo como opção em lugares não climatizados.
Outro ponto é que ao beber, toca-se os lábios no gelo, o que pode causar sensação indesejável a muitos consumidores. O seu preparo mais demorado coloca ele em uma das piores opções.
Em 2007, a Kellog’s lançou o primeiro canudo de cereais, como uma solução para a parcela da população que toma leite em copos. Porém, o produto parece não estar mais disponível para compra.
Um dos maiores desafios da marca foi implementar essa cultura de que beber e comer podem acontecer ao mesmo tempo.
Embora não tenha dado certo, é inacreditável que nenhuma rede de fast food de grande escala não tenha lançado um canudo de cereais para os seus shakes.
Inicialmente pode parecer muito estrando um canudo de metal, porém, vale lembrar que não só os povos sul-americanos como parte do sul do Brasil e parte do Pantanal brasileiro, Chimarrão e Tereré respectivamente, consomem seus tradicionais mates com uma Bomba, que nada mais é do que um canudo de metal todo trabalhado.
O canudo de metal possui alguns contras, como o material dele ser muito duro e muitas vezes, ao tocar a boca do consumidor gerar uma sensação desagradável, assim como ao tocar o copo de vidro pode gerar um susto pelo barulho. Outra questão, semelhante ao canudo de gelo é o fato de ao gelar, o canudo passar sensação incômoda para muitos consumidores.
Uma técnica ainda pouco utilizada nos bares mas muito viável é a reutilização de partes dos ingredientes que seriam jogados fora, transformando-os em canudos comestíveis.
Por ex, bares que produzem xaropes artesanais com ingredientes ricos em pectina e fibras como o morango (foto ao lado) podem preparar o xarope, fazer uma coagem fina necessária e não se desfazer da fibra da fruta.
Na sequência, espalhe a fibra da fruta em um silpat, deixando uma camada bem fina de fruta. Deixe desidratar por 6 a 8 horas então corte as pontas, e enrole o silpat formando um cone. Guarde na geladeira e use quando necessário.
Parece que com a consciência de que o consumo (e descarte) de plástico pode afetar violentamente a vida marinha e o equilibro ambiental, parte da população global se vê no dilema de voltar a consumir canudos de papel. Porém, dessa vez, com uma nova linguagem e tecnologia.
A Aardvark Paper Drinking Straws lançou em 2009 um novo modelo de canudo de papel, que combina uma mistura de papel e cola para manter maior estabilidade no canudo, para que ele não desmonte durante o consumo, mas que possa ser descartado e rapidamente reintegrado à natureza.
Conheça a verdadeira Guerra dos Canudos, parte 2
Nosso grande pedido é para que você, profissional dos bares ou consumidor de canudos, fique atento e repense o uso dos canudos na sua vida.
É extremamente importante que nós possamos aprender à reduzir o impacto ambiental no planeta para que a nossa espécie sobreviva nas próximas décadas. Contamos com você.
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