Hemingway foi o maior de todos. O maior escritor? Não, o maior beberrão.
Foi um enorme autor, é claro. Porém, no campo dos gorós ele foi Homero, Dante, Shakespeare e Dostoiévski ao mesmo tempo. Imagine aí uma cidade qualquer do mundo. Papa Hemingway bebeu em todas elas. Havana? Ele bebeu lá. Nova Iorque? Ele bebeu lá. Veneza? Ele bebeu lá. Barcelona? Ele bebeu lá. Hong Kong? Ele bebeu lá. Paris? É claro que ele bebeu lá.O escritor norte-americano conseguiu a proeza de tornar seu próprio nome um roteiro etílico. Há bares em todo o planeta que até hoje se gabam de que “aqui bebeu o Hemingway”. Fazem disso uma atração turística. Foram inventados coquetéis que levam seu nome, isso ainda em vida. Sinceramente, não conheço elogio maior.
Vários recordes de ingestão de bebidas alcoolicas desses bares são de Hemingway e nunca foram batidos. No El Floridita de Havana, por exemplo, sua estátua paira soberana no balcão para relembrar os 16 daiquiris duplos que entornou um dia. No Harry’s Bar, de Veneza, ele também tem a fama de ser o maior bebedor de Bellinis que já pisou por lá. Essas, obviamente, eram as bebidas light do romancista: o cara entornava de tudo, desde absinto até grappa, passando por gin, Bourbon, vinho e cerveja.Acho que ninguém foi capaz de celebrizar o ritual da bebedeira como o Hemingway. E não necessariamente em sua literatura, onde também fez isso, mas na vida real. Ele conseguiu a proeza de tornar esse ato a coisa mais democrática da terra: Hemingway era capaz de beber igualmente com a Ava Gardner, com pescadores cubanos ou com combatentes republicanos durante a Guerra Civil Espanhola.
Hemingway carregava no corpo as marcas de suas bebedeiras. Diversas vezes se envolveu em algum acidente por causa do álcool. O mais famoso deles foi quando, ao achar que estava puxando a corrente do banheiro da sala de estar, na verdade puxou a corrente de vidro do teto e a claraboia desabou sobre sua cabeça, deixando uma cicatriz e dores regulares.
Antes de decidir colocar fim a sua própria vida, Hemingway sobreviveu a quase tudo. Ferimentos de guerra, desinteria severa na África, queda de avião e alcoolismo. Esteve no cerne dos principais acontecimentos da história do século XX. Mesmo assim, seu nome talvez seja mais conhecido por sua relação com bares e bebida do que com sua obra propriamente dita.
Muita gente que jamais leu uma linha do que ele escreveu já tomou um Hemingway Daiquiri.
“Um homem não existe até que fique bêbado”, ele disse. Por isso, meus amigos, fica a lição: a eternidade está no fundo do copo.
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