Licor Gabriela, identidade etílica da cidade litorânea de Paraty

A fama de Paraty na produção de cachaça de alambique é tamanha que a nome da cidade virou sinônimo de cachaça, principalmente por volta do século XVIII época em que a cidade chegou a ter 150 alambiques, algumas receitas de cachaças, fermentos e aguardentes vem sido passadas de geração a geração assim como a tradicional Azuladinha, que é uma aguardente composta com folhas de mexerica e que já tem sua qualidade conhecida desde a época da colônia, mas foi outra aguardente que conquistou a cidade nos tempos modernos, a Gabriela, composta por cachaça, melado, cravo e canela.

A cidade de Paraty teve um papel fundamental no Brasil Colônia, pois além de produzir açúcar e cachaça, também serviu de porto para escoar o ouro retirado de Minas Gerais e também o café produzido no Vale do Paraíba, além de atividades ainda mais espúrias como o trafico de africanos, porém a construção de estradas e  ferrovias para o Rio de Janeiro e também com a construção do porto de Santos no final do século XIX fizeram com que a cidade entrasse em um longo período de esquecimento.O resultado disso foi com que seus casarões e centro histórico permanecessem intocados e que em 1958 fosse tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, mas foi só com a construção da Rio-Santos que a cidade voltou a ter uma economia mais ativa devido ao turismo.

Em 1982 a cidade foi escolhida para gravar o filme do livro Gabriela de Jorge Amado, apesar da história  se passar no litoral baiano, os casarões, igrejas e suas ruas de pedra  formavam o cenário ideal para as gravações .

Durante os meses que a equipe passou na região, se desenvolveu uma forte relação de carinho entre eles o os paratienses, que tempos depois criaram a aguardente Gabriela como forma de retribuição desse carinho e homenagem a equipe.Hoje em dia a bebida está entre as campeãs  de vendas da região, até mesmo no próprio Festival da Cachaça de Paraty que normalmente ocorre em agosto o licor que mais se vê nos copos do turistas é Gabriela, que já é um clássico consolidado na região.

São 5 os alambiques produtores oficiais de Gabriela: Engenho d’Ouro, Coqueiro, Pedra Branca, Coqueiro, Paratiana e Corisco. Estima-se que esses alambiques juntos produzam em cerca de 10.000 litros ao ano.

Mas não é por ai que param os clássicos de Paraty, de carona no sucesso da gabriela um drinque vem também se consolidando, é o Jorge Amado, que é composto por aguardente Gabriela, maracujá, limão.

O drinque é atribuído à então bartender Camila Paiva que  ganhou com ele o campeonato de coquetéis com cachaça de Paraty e daí para frente o coquetel conquistou a cidade e região.Porém conversando com a sommelier de cachaça Maria Gabriela de Paraty, ela contou que o drinque foi criado no restaurante Casa do Fogo pelo proprietário e chef de cozinha Caju, e o drinque era conhecido por Drink do Caju, foi então que sua amiga pediu para apresentar o drinque no Festival da Cachaça e mudou o nome para Jorge Amado.

Depois de conquistar a região, Gabriela vem conquistando o mundo.
Em 2017 a Gabriela da cachaça Engenho d’Ouro conquistou medalha no Festival de Bruxelas e o Paratiana vem já exportando Gabriela para países com Alemanha e agora também Estados Unidos.

A bebida tem pequenas variações na receita de uma alambique para o outro, alguns chegam a acrescentar outras especiarias como gengibre na composição ou também variar na qualidade e quantidade do melado utilizado na receita.

Apesar da bebida ter sua história relativamente recente e ser um dos produtos de maior venda da cidade de Paraty, ainda há pouco registros sobre quem a criou e alguns alambiques reivindicam a sua criação, porém até a publicação desse texto nenhum deles nos apresentou a sua versão e muito menos documentos que as comprovem.

O uso de melado e cachaça fazem com que Gabriela combina perfeitamente com diversos tipos de rum além de ficar ótima também com frutas tropicas e cítricas. Por conta do sucesso da coquetelaria tiki e a facilidade de termos ingredientes para reproduzir alguns desses coquetéis e suas releituras, vemos em diversos bares do Brasil aparecerem novos drinques com essa influência, muitas vezes utilizando uma mistura de cachaça no lugar do rum.

Graças ao seu sabor de cana e especiarias muito presente a bebida funciona muito bem para criação de drinques tropicais e tikis, as bebidas de Paraty proporcionam uma enorme quantidade de possibilidades com suas cachaças, aguardentes, licores  entre outros, além das diversas frutas e erva encontradas na região.

Quantos produtos de qualidade de sua região poderiam enriquecer seus coquetéis e trazer uma experiência ímpar para seus clientes e convidados que não temos perdidos por esse Brasil?

Não deixe de provar tudo que sua região te proporciona, pois além de conseguir produtos por um bom custo e estabelecer parcerias que grandes empresas jamais vão estabelecer com você, essa proximidade ao produtor te trás um conhecimento muito maior sobre o produtos, além de historias e curiosidades que podem enriquecer ainda mais a experiência de seu cliente, seja um embaixador de sua região e dos produtos que ela proporciona.

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