O master blender e químico faleceu na madrugada desta terça-feira e deixa um legado não só para o mercado, mas também por ter sido um grande mestre
Faleceu na madrugada desta terça-feira o master blender e químico Erwin Weimann, profissional reconhecido do setor e autor do livro ‘Cachaça: a bebida brasileira’. Em 2019 completaria 75 anos.
Erwin teve uma carreira extensa e passou por diversos setores ao longo da vida. Graduado em administração de empresas, pela faculdade de Santana, e também em química com especialização em bebidas destiladas, pela Oswaldo Cruz, teve pós-graduação em marketing, pela Mackenzie, e também transportes pela USP.
Trabalhou por 10 anos na Liquid Carbonic Ind. S.A. na aplicação técnica de CO2 feita para a carbonatação de bebidas; no setor petroquímico desenvolveu para a Oxiteno S.A. um programa de substituição de diesel por álcool aditivado, com o intuito de tornar a indústria brasileira menos dependente de petróleo importado. Foi também diretor da área química do Grupo Bunge.
Em 2006 saiu a primeira publicação do livro ‘Cachaça: a bebida brasileira’, que está na lista obrigatória de quem estuda e quer conhecer mais sobre a história e o mercado de destilados no Brasil. A obra tem edições em português e inglês.
Erwin narra no livro a trajetória do destilado nacional e fala sobre os canaviais e engenhos brasileiros do século XVI. Com um preciosismo, Weimann traz para o leitor os processos de produção da cachaça, as regiões canavieiras e uma linha histórico-social da cachaça na mesa dos brasileiros e a comparação com os destilados do mundo, tudo isso com uma reunião de documentos, gravuras, fotos e rótulos antigos de cachaça.
Em 2013, Erwin foi convidado para ser o master blender da cachaça orgânica Yaguara. Weimann era responsável por supervisionar e aprovar os pequenos lotes de cachaça antes de elas serem engarrafadas. Segundo o próprio master blender, a cachaça Yaguara era “um produto que une a última tecnologia em bebidas com o perfeccionismo do artesão”. Além de ter sido um profissional notável e muito dedicado, Erwin Weimann foi inspiração para outras pessoas do setor, não só pelo trabalho realizado que deixa um legado, mas também por ser reconhecido como um homem de carisma e humildade.
O cachacier Maurício Maia também sente a perda de Weimann e relembra o quanto ele era uma fonte de conhecimento: “Erwin foi a pessoa mais generosa que conheci, ele não tinha pudores de compartilhar o conhecimento dele, que era imenso e vai fazer falta…sentiremos a falta dele”.
O especialista em cachaça Milton Lima conta que conheceu Erwin em um evento e desde esse encontro o master blender foi responsável por ensinar diversas coisas que Lima carrega consigo. “Erwin sempre sábio conseguia colocar luz e razão nas suas colocações – aulas incríveis carregadas de carinho. Vou sentir muita falta, as reuniões da Cúpula da Cachaça não serão as mesma sem ele”, comenta com carinho.
Felipe Jannuzzi, fundador do projeto e site Mapa da Cachaça, relembra que Erwin era uma pessoa muito gentil e também o quanto o master blender colaborou para o setor: “Erwin era o cara mais fantástico do mercado, meu primeiro livro de pesquisa sobre cachaça foi o dele! Ele foi pioneiro nesse sentido de usar o conhecimento técnico químico com o sensorial…Foi o maior professor desse mercado e humilde, tinha um coração enorme”, pontua Jannuzzi sobre o profissional.
“Erwin é uma pessoa na qual eu me inspiro, um cara fabuloso, com senso de humor e sagacidade e sempre com uma palavra de conforto! A palavra dele tinha o dom de encerrar uma discussão…ele era muito inteligente e ponderado. Foi meu professor, tutor e vai continuar sendo minha inspiração…vou sentir saudades”, deixa as palavras em homenagem o master blender da Ypióca, Nelson Duarte.
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