Anuário da Cachaça 2025 revela crescimento interno expressivo e desafios na exportação
O Anuário da Cachaça 2025 — com dados referentes ao ano-base 2024 — é um retrato fiel da força e dos desafios da bebida mais brasileira de todas.
Produzido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), o documento traz informações sobre registro de estabelecimentos, produtos, exportações, produção, geração de empregos e até derivados como licor de cachaça e caipirinha.
O levantamento mostra que o setor vive um momento de expansão interna consistente, mas enfrenta uma preocupante retração no mercado internacional.
Mais alambiques e mais rótulos
Em 2024, o Brasil registrou 1.266 estabelecimentos elaboradores de cachaça, um crescimento de 4% em relação ao ano anterior, com 49 novos registros. É o terceiro ano consecutivo de aumento, acumulando alta de 35,4% desde 2021.
Minas Gerais segue líder absoluto, com 501 cachaçarias (39,6% do total), embora tenha registrado leve queda de 0,6% no número de estabelecimentos. O Ceará, por outro lado, foi destaque, saltando de 34 para 47 alambiques, um crescimento de 38,2%. Em todo o país, 735 municípios contam com pelo menos uma cachaçaria formalizada.
Produção cada vez mais diversificada
O número de produtos também bateu recorde: 7.223 cachaças registradas, alta de 20,4% frente a 2023, o segundo maior crescimento da série histórica. Minas Gerais concentra 34,5% desses rótulos, com 2.492 registros.
No total, o país possui 9.532 marcas de cachaça, apesar de uma redução de 9,4% em relação a 2023 — movimento que pode indicar maior consolidação e racionalização de portfólios. Sergipe lidera na média de produtos por estabelecimento (17) e de marcas por cachaçaria (32).
Produção em alta, exportação em queda
A produção nacional declarada alcançou 292,4 milhões de litros, crescimento expressivo de 29,6% sobre o ano anterior. O Sudeste respondeu por 59% do volume, embora tenha registrado leve queda. O Sul foi o grande destaque, com um salto de 300,5% na produção, chegando a 58,2 milhões de litros.
Apesar do desempenho interno, as exportações recuaram: 6,66 milhões de litros enviados ao exterior (-22,7%), com receita de US$ 14,54 milhões (-28,1%). O Paraguai segue como principal destino em volume, e os Estados Unidos, em valor, mas ambos reduziram compras. A Europa representou 45,3% do faturamento, com sete países entre os dez principais mercados.
Empregos e impacto social
A fabricação de aguardente de cana-de-açúcar gerou, em 2024, 6.363 empregos diretos, representando 4,5% do total da indústria de bebidas. O Nordeste teve o maior crescimento em vagas (+4,05%), enquanto o Sudeste, mesmo concentrando quase metade dos postos, registrou queda de 3,53%.
Mais que cachaça: licores e caipirinhas
O uso da cachaça como base para outras bebidas também aparece no anuário. Foram produzidos 12,6 mil litros de licor de cachaça por 26 estabelecimentos e 35,7 mil litros de caipirinha pronta por 10 produtores espalhados em seis estados.
Baixe o Anuário da Cachaça 2025 aqui
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Um setor de raízes fortes e asas curtas
Os dados confirmam que a cachaça avança na formalização, na diversidade de rótulos e na capacidade produtiva. Porém, a queda nas exportações evidencia a necessidade de maior articulação para transformar esse crescimento doméstico em conquista de mercado externo.
O Anuário, ao reunir e divulgar esses números, cumpre papel estratégico: embasar políticas públicas, orientar o setor privado e reforçar o valor da cachaça como patrimônio cultural e ativo econômico do Brasil.
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