Sejam todos bem vindos a minha primeira coluna no Biomas do Brasil. Mas antes de falar sobre biomas é importante que eu te fale um pouco da minha caminhada.

Meu nome é Mauricio Campos, paulistano, filho de nordestinos. Meu pai nasceu em Assaré, interior do Ceará, conhecida nacionalmente graças ao poeta, Patativa do Assaré. Minha mãe é da pequena Triunfo, no Pernambuco.

Localizada a 1100 metros acima do nível do mar, que foi durante muitos anos um dos maiores produtores de rapadura do estado do Pernambuco. Hoje é conhecida nacionalmente por fazer parte do Circuito do Frio Pernambucano.E por causa dessa relação familiar, eu viajava quase todos os anos para visitar meus parentes nordestinos. Me lembro até hoje das viagens de ônibus que duravam entre 3 a 4 dias. Com certeza, foi um dos períodos mais marcantes da minha vida, me possibilitando um arcabouço cultural de quase duas décadas pelo sertão do país.

Com 16 anos, quando as cobranças familiares e a obrigação de um “rumo na vida” surgiram, resolvi direcionar minha vida para setores que na época, me pareceram interessantes. Nesse período me formei técnico em manutenção de microcomputadores e técnico em mecatrônica e por causa dessa formação, acabei virando vendedor de livros técnicos em grandes feiras (eventos) em São Paulo, aonde tive a oportunidade de conhecer os primeiros bartenders do setor.

Dois anos depois, já com 18 anos, resolvi abraçar meu sonho. Fiz meu primeiro curso de bartender, e logo em seguida comecei a trabalhar em bares e eventos em SP. O que no início era apenas um hobby começou a virar algo sério. A partir daí, iniciei uma série de viagens pelo Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Passando por Montevidéu, Uruguai e Buenos Aires, Argentina, onde tive a honra de estudar na reconhecida Universidad del Cocktail.

Ao retornar ao Brasil, fiz minha primeira temporada profissional no Nordeste: Aracaju em Sergipe e Juazeiro do Norte no Ceará. Esse período me trouxe fortes recordações da infância, quando meus pais traziam nas malas de viagem para São Paulo: rapadura, batida (não confundir com coquetel) mel e queijo coalho.

Apesar dessa rápida passagem pelo Nordeste, retornei minhas viagens de quase 10 anos pelo Sul, Sudeste, Centro Oeste e Norte do Brasil. Mas só em 2014, mudei de mala e cuia para Fortaleza no Ceará, onde tive oportunidade de aplicar todo conhecimento adquirido ao longo desses anos. Me tornei líder do Slow Food Ceará, militante de projetos de leis de sustentabilidade, pesquisador de agroecologia, professor universitário e empresário do setor.

Com o projeto Biomas do Brasil, espero dar visibilidade aos diversos projetos que participei nos últimos anos, mostrando que o Brasil, a Caatinga e principalmente o sertão tem um potencial quase infinito de possibilidade para o setor de bar.

Projetos como o Ilha Drinks, em Noronha, o “Mercado Cultural dos Pinhões” em Fortaleza, OCCA (Observatório Cearense da Cultura Alimentar), Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco, “Mulheres de Corpo e Algas”, etc.  Esses são só alguns dos projetos que pretendo compartilhar com vocês, em busca de novos horizontes e perspectivas para a coquetelaria com selo de Brasil.

E pode ter certeza, que mesmo eu não podendo estar com você nesse momento de pandemia, vou tentar oferecer uma viagem sensacional de aromas e sabores. E quem sabe, quando todo esse caos acabar, eu posso sentar com alguns de vocês para tomar um cafezinho com queijo coalho para prosear sobre essa tal de Caatinga.

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