O White Lady até pode ter nome de fantasma, mas façamos ele aparecer mais vezes por aí, pois se trata de um drinque quase centenário e super atual.
Este Drinque do Baú tem nome de aparição folclórica comum ao redor do globo, no Brasil conhecida como Loira do Banheiro aparece também no folclore belorizontino com o nome de Loira do Bonfim, é basicamente o fantasma de uma mulher loira vestida de branco.
Com uma história tenebrosa o White Lady, desta vez o coquetel, foi criado pelo bartender Harry MacElhone em 1919 no Ciro Club de Londres usando partes iguais de licor de menta, triple sec e suco de limão siciliano. Provavelmente esta receita de arrepiar era resquício dos tempos difíceis pós primeira guerra mundial.
Como todo bom folclore a lenda do White Lady prossegue e em 1929 MacElhone se redime ao reformular a receita com Gin no lugar do licor de menta.
Logo a seguir, em 1930 Harry Craddock publica seu icônico livro Savoy Cocktail Book e clama a invenção do White Lady. Durante a renovação do hotel The Dorchester, Craddock enterrou uma coqueteleira contendo um White Lady nas paredes do bar, o coquetel foi encontrado durante uma reforma de 1979.
Embora as primeiras receitas impressas não contenham clara de ovo, as proteínas deste emulsificante natural complementam muito bem o nome fantasmagórico com o visual do coquetel. Embora não tenhamos provas cabais é bem provável que esta prática tenha sido iniciada por Peter Dorelli, bartender do American Bar do Savoy Hotel do 1985 a 2003.
Quanto ao uso da clara de ovo em coquetéis não se assuste. Primeiramente, o coquetel não terá sabor de ovo, mas sim uma textura cremosa e leve. Além disso a clara de ovo também ajuda a
arredondar alguns sabores, dando uma maior suavidade principalmente a coquéteis com bebidas envelhecidas e coquetéis mais ácidos.
A qualidade do ovo utilizado certamente influi no resultado final e a regra é clara, quanto mais fresco o ovo melhor! Um bom prazo é utilizar o ovo dentro de uma semana.
Algumas dicas práticas importantes são: separe a clara da gema em um recipiente diferente do que contem o coquetel, desta forma caso algo ruim aconteça basta descartar a clara. Outra sugestão é não montar o coquetel sobre a clara de ovo, devido ao teor alcoólico pode acontecer do ovo talhar.
Sobre a discussão de bater as claras sem gelo antes (ou depois, como sugere Simon Difford) do shake com gelo deixo o teste para o bartender ávido em aprender. Cada bartender se dá melhor com alguma metodologia e eu acredito que isso influencie mais no trabalho do que no coquetel final.
A única recomendação que deixo é, coe o coquetel final com uma peneira de chá, isto irá garantir uma textura mais homogênea na aeração.Apresento agora uma receita com medidas para este delicioso clássico esquecido.
50 ml gin london dry
25 ml triple sec
25 ml suco de limão siciliano
1 clara de ovo (~30 ml)
Bater com gelo e servir com coagem dupla em uma taça previamente resfriada.
Decorar com casca de limão siciliano.
Aproveite juntamente com histórias de fantasmas e observe qual ritual utilizado pelo bartender para produzir este coquetel sedutor e fantasmagórico.
Compartilhe sua experiência com #DrinqueDoBau e deixe seu comentário abaixo.
Receba nossa newsletter com os melhores artigos do universo da mixologia.
Obrigado por se inscrever!