Aprenda a preparar o Negrinho do Pastoreio, drinque do bartender Rod Werner

Negrinho do Pastoreio é uma lenda brasileiro dos tempos da escravidão. Na história, um menino negro cuidava dos cavalos de seu patrão até que certo dia um dos animais sumiu e o rapaz foi espancado. Recebeu tantos golpes como punição que foi dado como morto e deixado sobre um formigueiro.

No dia seguinte o fazendeiro volta ao formigueiro e vê o menino sem ferimentos e feliz cavalgando no animal sumido tendo ao seu lado a Virgem Maria. Arrependido o patrão pede perdão ao menino escravo. Como resposta recebe um sorriso e vê o menino sumir a galope rumo ao horizonte.Foi aos 11 anos, no tempo de Colégio Pedro II que Rod Werner foi apresentado a cruel história do menino escravo torturado e deixado para morrer. A lenda cruel contra uma criança marcou tanto o futuro bartender que, no balcão, todo o Negroni remetia ao Negrinho. Assim nasceu a inspiração para o Negrinho do Pastoreio, releitura do clássico italiano com um toque de história do Brasil.

Os ingredientes da receita são inspirados na biografia da versão lida por Rod nos tempos de escola, o gaúcho João Simões Lopes Neto. Empresário, o autor tinha uma fábrica de vidros, uma destilaria de cachaça e uma plantação de café. Na receita final o destilado brasileiro foi substituído pelo gim. Na apresentação, formigas saúvas para remeter a lenda do Negrinho do Pastoreio. Já a tradicional laranja dos negronis clássicos deu lugar a um tuile de laranja crocante da confeiteira Dianna Macedo que forma a impressão visual de um formigueiro. Por fim, a soda é servida em um shot separado para caso alguma formiga insista em ficar presa na garganta.

Rodolfo Werner Brandão, o Rod Werner, começou sua trajetória de bar aos dezoitos anos. Época em que se misturava creme de leite e Blue Curaçau e o Kamikaze e o Blue Lagoon eram os drinques da moda. No ano de 1992 ingressou no curso de artes cênicas na Uni-Rio e dedicou-se ao teatro por 10 anos, com alguns trabalhos em balcões de bar para ganhar uns trocados. Os palcos não garantiam o sustento e a televisão não encantou. Nem mesmo a participação na TV Colosso. A solução passou a ser dedicar-se ao bar com o recomeço no extinto Café da Praça. Foi ali que nasceu a paixão pela coquetelaria clássica. Mas tomar o rumo dos eventos foi uma necessidade financeira. Naqueles tempos longíquos aos clientes já que bastava que fosse servido whisky, vinhos, espumantes e cerveja. Mas foi quando Rod conheceu Adriana Mattar que nasceu o Cooking Buffet e o Cooking Bartenders, que viria a se tornar a Classic Bartenders e A Dose Certa.

Com 20 anos de festas, casamentos, batizados e até velórios, Rod fez seu último casamento para um cliente antigo e muito especial que o fez retornar aos balcões de bar. Rafael Costa e Silva, dono do Lasai havia se tornado chef de cozinha e precisava de um bom nome. De lá, Rod passou pelo Bazzar de Cristiana Beltrão, Oro de Felipe Bronze e agora está no Xian do empresário Marcelo Torres.

Foi justamente no Xian que nasceu o Negrinho do Pastoreio, destaque na seção “A Little Bit, que barato!”, com drinques potentes em pequenos copos selecionados ao custo de R$ 20. Um Negroni com trocadilho com a história do Brasil dentre os #365DrinquesDoBrasil.

APRENDA A RECEITA

Negrinho do Pastoreio

25 ml de Amázzoni Gin
25 ml de Cynar
25 ml de Carpano Punt & Mes
2 dashes de Angostura bitter
10 ml de tintura de café

Em um mixing glass com gelo coloque todos os ingredientes e mexa por 5 a 7 segundos. Coe para um copo baixo com um cubo de gelo

Acompanha tuile de laranja com formigas e shot de soda
Fazer o preparo mexido e servir com o tuile e o shot de soda.

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