O Racismo está à nossa volta. Todos os dias, nos bares e restaurantes do nosso país. E tem que acabar.
Antes de tudo, racismo é crime. E a pena é pesada.
Assédio, humilhação, desrespeito não cabem mais nas nossas relações.
E o Mixology News aproveita o Dia da Consciência Negra, data lembra a luta de Zumbi dos Palmares, último líder do Quilombo dos Palmares, que foi assassinado no dia 20 de novembro de 1695 para levantar essa questão importante.
O racismo vive na normalidade do nosso cotidiano e atinge a população negra econômica, política e subjetivamente.
Esse é uma herança da escravidão, o reflexo de uma mudança na história da sociedade e cultura africana, que foi impedida de seguir o rumo natural da sua história por séculos.
A Lei Nº 7.716 de 5 de janeiro de 1989 garante todas as formas de racismo e as suas devidas penas de reclusão, que podem chegar até 05 anos.
Ah, mas você não sabe quando é racismo ou não? Comece se colocando no lugar do outro.
Continua em dúvida. Pergunte se é ofensivo. Diretamente. Peça desculpas e melhore.
Para te ajudar, separamos um vídeo bem didático para você aprender a se colocar no lugar dos outros e respeitar.
O Mixology News conversou com uma dezena de bartenders negros para entender quais são os racismos mais comuns sofridos por eles e outros negros no campo profissional. Fique atento.
– “A identidade da casa combinava melhor com aquele perfil de pessoa.”
Essa é a frase que X., um dos bartenders entrevistados ouviu ao fazer uma entrevista para a mesma vaga que outro profissional, branco e magro. O currículo de X. possuía cursos, passagens por diversos bares de renome enquanto o concorrente branco buscava vaga no seu primeiro bar.
Uma das penas mais graves para o racismo é a que envolve um Recursos Humanos da empresa.
Ou seja, se você é responsável por entrevistar candidatos, é obrigação sua e está assegurado em lei que todos os cidadãos devem concorrer em condições iguais.
Sabemos que restaurantes com gerentes e proprietários racistas estruturam o atendimento do seu negócio a partir de uma barreira branca para o cliente. O que isso quer dizer?
Que sempre você verá brancos, jovens e universitários preenchendo a vaga de garçons que atendem os clientes. No bar, há mescla de brancos e negros e na limpeza e cozinha – lugares onde mal há contato com cliente – uma proporção desigual onde os negros são maioria.
O bartender Z. nos contou que por diversas vezes já sofreu um racismo velado por parte do cliente.
Ele, que é chefe de bar nos últimos anos, costuma informar aos clientes com calma e educação que a gerência do bar está “na sua frente” ao ser questionado com ar de desdém: “- Onde está o gerente?”
Nossa sociedade está cheia de exemplos racistas onde quase sempre o cargo de liderança e gerência é ocupado por brancos. Revistas, novelas, publicidade fazem questão de fortalecer essa ideia deturpada de que cargos superiores são preenchidos por brancos. E isso é uma herança da escravidão agindo no cotidiano.
– “Por favor, você pode limpar aqui para mim?” É o que já escutou um punhado de vezes o bartender R. nos seus dias de folga, quando resolve ir à um bar com amigos e cruza com pessoas que acreditam que ele está à trabalho.
“Ah, mas achei que você fosse gerente, está todo arrumado.” responderam algumas das pessoas que o confundiram.
Para R., muitos racistas – que nem sabem que são – acham que quando brancos usam preto é chique. Já negros usando preto é coisa de segurança.
E pior, “o pior racista é realmente o que não faz ideia do que disse, e fica tentando se justificar, piorando a situação”.
Cuidado com o que fala. Muitas expressões do nosso português brasileiro estão enraizadas na cultura racista do período durante e pós escravidão.
“Eu não sou tuas negas” “Isso é coisa de preto” “Negro de traços finos” “Cabelo ruim” “Serviço de preto” são todas, absolutamente todas expressões que servem para denegrir a imagem da comunidade negra no Brasil.
Opa, talvez você não tenha percebido mas “denegrir” é mais uma expressão racista.
E é por isso que precisamos ficar atentos dia-a-dia.
William Waack, (ex) jornalista da Globo sofreu as consequências por ter pronunciado frases e postura racista em plena televisão. Porém, ao lado dele, estava o comentarista Paulo Sotero.
Que você não deve ser o Waack, está mais do que claro.
Agora, mais do que isso, é preciso não ser Paulo Sotero também.
É preciso não ser conivente com o racismo que está ao nosso lado.
É preciso levantar a cabeça e dizer em bom tom: “Você não deve falar isso e eu não concordo com a sua opinião.”
Receba nossa newsletter com os melhores artigos do universo da mixologia.
Obrigado por se inscrever!