A Era da Proibição, um dos momentos mais importantes da história da coquetelaria norte-americana, em um seriado disponível.
Ken Burns é um cineasta reconhecido mundialmente por dirigir documentários relacionados à história dos Estados Unidos, com temas como a Guerra Civil, Jazz, Thomas Jefferson ou Mark Twain.
É dele também um excelente trabalho em três partes sobre um dos períodos mais inusitados dos Estados Unidos do século 20: a Lei Seca. “Prohibition”, de 2011, está disponível na Netflix, com três episódios de pouco mais de 1h30 minutos de duração cada um.O documentário é surpreendente pela abrangência. Mostra desde a relação abusiva que os cidadãos tinham com a bebida na virada do século 19 até que, finalmente, após anos de tentativa, grupos que se mobilizavam socialmente em torno da bandeira anti-álcool conseguiram a aprovação da 18ª Emenda à Constituição norte-americana. Depois disso, vieram os efeitos sociais e legais da proibição do álcool até a revogação da lei seca.
Descubra aqui o todos os efeitos que a Proibição Americana causou no país
Quase todo mundo já conhece as consequências da proibição: contrabando de bebidas, surgimento dos speakeasy, Al Capone, e o florescimento de coquetéis elaborados para disfarçar o gosto do álcool de péssima qualidade que circulava clandestinamente.
Uma mistura de hipocrisia, desinformação e puritanismo religioso foi o combustível que levou a sociedade americana a acreditar que todos os males advinham do álcool. Se o empenho para proibir a fabricação, o comércio, o transporte, a importação e a exportação de bebidas alcoólicas foi grande, não foi menor a dedicação para burlar a lei.
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Receitas para comprar remédios com álcool era moeda corrente, vinho sacramental para cerimônias religiosas causou um surto de fé no país, entre outras mutretas. Entre os diversos personagens que levaram o país a adotar a lei, sem dúvida o troféu bizarrice vai para uma senhorinha muito decorosa e com cara de poucos amigos, chamada Carrie Nation.Integrante do Movimento Temperança, um dos pilares da luta pela proibição do álcool, ela acreditava ter uma missão especial. Investida de autoridade divina e uma machadinha, saía pelas cidades destruindo bares e saloons sozinha, atendendo assim a um chamado divino contra o álcool, segundo sua própria crença. Seu quebra-quebra não durou muito, mas causou barulho e prejuízo.
O bom bebedor Fernando Pessoa, sob o heterônimo de Álvaro de Campos, chegou a dedicar-lhe um poema, onde a chama de “bruxa de boa intenção” e “odiosa, como todas as santas”. Válida por 13 anos, de 1920 a 1933, a Era da Proibição se tornou um dos maiores fracassos legislativos de todos os tempos.
No entanto, rendeu um grande documentário, que pode ser devidamente apreciado com um bom bourbon.
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