Atenção! Cuidado com o Blue Blazer! Este drinque do baú é extremamente perigoso!

Criado pelo lendário Jerry Thomas o Blue Blazer é o primeiro coquetel performático que se tem registro.
Além de escrever o primeiro livro de bar, Jerry Thomas também foi o primeiro flair bartender.
Com sua composição simples o Blue Blazer é uma versão do Hot Toddy, porém flambado.

 

blue blazer

O drinque leva whisky escocês, água quente, açúcar e casca de limão siciliano. Criado enquanto trabalhava em São Francisco no salão de jogos El Dorado durante a Gold Rush (Corrida pelo Ouro), este coquetel virou assinatura de Jerry Thomas e provavelmente você já viu alguma gravura do “Professor” preparando-o.

Segundo a lenda, Thomas apenas preparava este drinque em dias extremamente frios ou para pessoas resfriadas, uma vez que a mistura de whisky com água quente alivia os sintomas da gripe, embora não a cure!

O preparo do drinque é o verdadeiro diferencial, feito com whisky flambado e jogado de uma caneca para outra, criando uma língua de fogo esplendorosa. Muito cuidado na hora do preparo!

Em seu livro Bartender’s Guide temos o seguinte trecho:
“Um observador vendo um artista experiente executando esta bebida pela primeira vez concluiria naturalmente que este é um néctar para Pluto [deus grego dos mortos] e não para Baco [deus grego do vinho].”
Jerry continua:
“O novato no preparo desta bebida deve tomar cuidado para não se queimar” e recomenda o treino com água.

Aproveitando este Halloween que passou compartilho também este relato de Herbert Asbury, escritor de Gangues de Nova Iorque, que conta que: “Um homem rude, coberto de poeira de ouro e com diversas armas no corpo” invadiu o bar durante as horas de trabalho de Thomas e disse:  “Prepare-me um drinque do inferno que irá abalar até a minha moela.”

Jerry prepara então sua mistura de whisky e água quente, flamba a mistura e jogando-as de uma caneca [de prata!] a outra prepara a mistura “com uma agilidade e destreza inacreditáveis.” A resposta do homem à bebida é: “Queimou até a minha moela! Sim, Senhor, até a minha moela!”

Acompanhe esse belo vídeo (a partir de 11 minutos) do mestre David Wondrich sobre como executar com destreza o Blue Blazer:

Aprenda a Receita

BLUE BLAZER (original)
BLUE BLAZER

60 ml de whisky escocês
60 ml de água quente
10 ml de xarope de açúcar 1:1

Em duas leiteiras escaldadas adicione, separadamente, a água com xarope de açúcar e o whisky. Coloque fogo no destilado e faça um “dry throwing” deixando o whisky cair sobre a água.

Continue vertendo a mistura de uma leiteira para a outra mais quatro vezes. Apague o fogo colocando uma leiteira sobre a outra e sirva numa taça de conhaque. Decore com casca de limão siciliano.

*a taça de conhaque é muito importante, pois é com ela que iremos manter a temperatura quente do drinque, usando o calor das nossas mãos.

Como a receita evolui e caiu no gosto dos bartenders mundo afora?

Ok, a essência do Blue Blazer é whisky flambado com água quente, certo? Porém, é inegável que o drinque possa evoluir com a adição de outros ingredientes. Talvez até o próprio “Professor” usasse, mas nos livros, registrou apenas o original.

Bartenders mundo afora costumam acrescentar características pessoais a esse clássico, desde acrescentando cascas de laranja junto à de limão siciliano, seja na hora de flambar, ou apenas depois, como os óleos essenciais frescos.

Também se vê a adição de bitters aromáticos como Angostura e Peychaud’s principalmente. Isso eleva o perfil aromático da receita, deixando ela mais potente e encorpada.

Como agente de dulçor, nem só o açúcar refinado é utilizado hoje em dia. Melados, caramelo, maple, agave, açúcar demerara ou açúcar mascavo são alguns dos agentes de dulçor possíveis.

Por fim, é possível ainda combinar um ou mais destilados para compor a base alcoólica junto ao whisky. Por exemplo, acrescentar cognac, rum overproof (maior graduação alcoólica), bourbon e outros destilados envelhecidos são algumas das opções. Ainda pode se encontrar adições de licores como de casca de laranja, de pêssego.

O importante é conhecer a receita original, provar e não perder a referência do que é original e de quando ele passa a ser uma outra receita, sem conexão com o Blue Blazer tradicional.

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