Gosta de Whiskies?? Saiba quais são os 9 melhores custos benefício do mercado

O Cão Engarrafado é escrito por Maurício Porto com muita propriedade, conhecimento e humor. Para os apreciadores do destilado, é um oásis de informação em meio a uma internet confusa e tendenciosa.

E é por isso que convidamos o especialista para que ele indicasse para você quais são os melhores whiskies custo benefício do mercado brasileiro hoje. Então com a palavra, O Cão Engarrafado, que como muito bem disse o poetinha Vinícius de Moraes:

“Whisky é melhor amigo do homem, é o cão engarrafado.”

“Queridos amantes da coquetelaria e das coisas boas. Peço perdão, mas hoje farei algo que raramente faço no Cão Engarrafado. Ir direto ao ponto. A convite da Mixology News, preparei uma lista dos nove – é meu número da sorte – whiskies com melhor custo-benefício à venda em nosso mercado. É uma responsabilidade e tanto, ainda mais considerando o público deste site: profissionais e pessoas engajadas neste inebriante mundo etílico.

Assim, de forma a evitar uma injustiça, recorri a amigos, especialistas, degustações às cegas (algo que é sempre lúdico e desesperador ao mesmo tempo, veja o item 9) e um conveniente pulo à loja de bebidas mais próximas, onde ao mesmo tempo me exasperei e me fascinei com os preços lá praticados.

Como a internet vive de polêmica, é importante aqui fazer duas observações. A primeira é que o whisky não deve necessariamente ser barato para entrar nesta lista. Ele apenas tem que parecer, sensorialmente, bem mais caro. Assim, se um whisky de mil e quinhentos reais tiver sabor de cinco mil, ele está dentro. Mas sinceramente, isso é bem improvável. Dentro desta altitude de atmosfera rarefeita, eu não conseguiria apontar a diferença.

A segunda é que isto não é um ranking. Desculpem. Os números são apenas uma forma de organizar. O número um não é melhor custo-benefício do que o quatro, por exemplo. Eu sei que todo mundo gosta de um ranking. De certa forma, eu mesmo gostaria que isso fosse um ranking. Mas nós, adultos e maduros, sabemos que é impossível comparar coisas cujas naturezas são essencialmente diferentes. Bourbons são diferentes de single malts, que são diferentes de blends. Como as proverbiais maçãs e laranjas. Então isso não é um ranking. Sem mais tergiversações, vamos aos whiskies.

Glenfiddich 15 anos

Eu não poderia começar essa lista de outra forma. Em degustações da marca, o Glenfiddich 15 anos é sempre escolhido como o preferido do público – mesmo se comparado ao caríssimo Glenfiddich 26 anos. Aliás, durante minha visita à destilaria, alguns anos atrás, nosso guia confessou que também era o preferido dos funcionários da Glenfiddich.

A maturação do Glenfiddich 15 anos é bastante complexa. Sem entrar em grandes minúcias, ela ocorre em barricas de carvalho americano de bourbon whiskey, carvalho europeu que antes continha vinho jerez e barricas virgens de carvalho americano. O whisky é finalizado em um ofurô dos deuses, desculpe, digo, um enorme tanque de vinte e cinco mil litros, chamado pela destilaria de Solera Vat.

Sensorialmente, o Glenfiddich 15 anos se passa, facilmente, por um single malt bem mais maturado. Seu sabor é levemente inclinado para o adocicado. Porém, há também notas de especiarias, canela e pimenta do reino. Seu preço não é exatamente uma pechincha. R$ 400,00. Pode parecer um contrassenso abrir uma lista de whiskies com melhor custo-benefício falando de algo que custa quase meio milhar de reais. Mas confie em mim – ele vale cada fração de centavo.

Singleton of Glen Ord 12

É um single malt por menos de R$ 200,00. Só isso bastaria para incluí-lo na lista. Porém, além disso, o Singleton of Glen Ord 12 é bem bom. Ele é o único do trio de Singletons que chega ao Brasil. É também o único da região das Highlands. Os demais são Singleton of Dufftown e Singleton of Glendullan, ambos da região de Speyside.

A maturação do Singleton of Glen Ord ocorre em barricas de caravalho americano e europeu que contiveram, respectivamente, Bourbon whiskey e vinho Jerez. A proporção e o tempo em cada barrica não é claramente divulgada. Isso lhe confere sabor adocicado e com um quase imperceptível aroma defumado. É um whisky democrático e perfeito para os iniciantes do single malt.

Evan Williams Kentucky Straight Bourbon

O Evan Williams Kentucky Straight Bourbon é produzido pela destilaria Heaven Hill, também detentora de conhecidas marcas premium de whiskey, como Parkers e Elijah Craig. Também conhecido como “Evan Williams Black” em alusão à cor de seu rótulo, ele é o segundo bourbon whiskey mais vendido do mundo, logo atrás do Jim Beam White Label. Porém, estranhamente, em nosso país, ele é um whiskey pouco conhecido.

A maturação média do Evan Williams Black é (alegadamente) mais longa do que da maioria dos bourbon whiskeys de entrada, como Jim Beam e o onipresente Jack Old No. 7. Além disso, a graduação alcoolica é de 43% ao invés dos tradicionais 40%.  Por conta disso, o Evan Williams Black é uma excelente opção para coquetelaria, quando se procura um whiskey com bom custo-benefício, perfil de sabor adocicado, mas marcante e ABV mais elevado. Seu preço médio é de R$ 120,00.

Macallan Fine Oak 12

Recém chegado, o The Macallan Fine Oak 12 anos é a expressão da destilaria mais barata disponível em nossas terras. Somente isso bastaria para incluí-lo nesta lista. Afinal, todo mundo quer experimentar um The Macallan que custe menos do que o PIB de um nano-país europeu. Mas não é apenas isso. O The Macallan Fine Oak 12 anos também é é bem bom. Seu preço é de aproximadamente R$ 250,00.

Os single malts da série Fine Oak da The Macallan são maturados em três diferentes tipos de barricas. Carvalho americano que antes continha bourbon whiskey, conferindo notas de caramelo e baunilha, e uma combinação de barricas que antes contiveram vinho jerez, tanto de caravalho americano quanto europeu, trazendo especiarias e frutas cristalizadas ao whisky. Apesar da característica oleosidade da destilaria estar lá, a impressão é que aquele é um single malt mais leve e – arriscaria dizer – mais equilibrado que aqueles da linha 1824.

Bulleit Bourbon

O Bulleit é hors-concours no Brasil. Não porque ele seja algo de outro planeta quanto ao sabor – ainda que eu jamais recusarei uma dose, se você me oferecer. Mas porque ele é o melhor substituto de um artigo de luxo em nossas terras. Rye Whiskey. Isso se deve à alta concentração de centeio em sua mashbill (a receita de seu mosto): aproximadamente 28%. A título de comparação, o Evan Williams Black, acima citado, possui apenas 13%.

Apesar da alcunha – Frontier Whiskey – em referência aos whiskeys produzidos e transportados durante a colonização do oeste selvagem, o Bulleit não tem nada de fronteiriço. Ele é produzido no Kentucky e seu proprietário é a gigante Diageo (a mesma responsável pela Johnnie Walker). Seu sabor remonta especiarias, como pimenta do reino e canela. Ele é mais seco e menos adocicado do que a maioria dos bourbon whiskeys. Sua graduação também é um ponto de destaque – 45%. O preço? Amigáveis R$ 140,00, na média.

Chivas Extra Regal

Se você é apaixonado por whiskies com influência vínica, não há melhor custo-benefício para você do que o Chivas Extra. O Chivas Extra é um blended whisky sem idade definida, composto por single malts e grain whiskies. Sua base é o Strathisla, importante destilaria pertencente ao grupo Chivas, e considerada o lar espiritual da marca. Além dele, o Extra leva uma boa quantidade do single malt Aberlour, famoso por expressões maturadas em barricas que antes continham vinho xerez espanhol.

Aliás, esta é uma diferença importante entre o Extra e a maioria dos blends à venda no Brasil. É que blended whisies costumam ser compostos por single malts maturados em barricas de ex-bourbon e ex-xerez, além de whisky de grão. Entretanto, geralmente, a proporção tende mais para o bourbon do que para o xerez. O caso do Chivas Extra é o oposto. A maior parte de seus maltes é maturada em barricas que antes continham xerez oloroso – algo que, salvo raras exceções (como o Whyte & Mackay 13) é reservado para whiskies mais exclusivos. E é por isso que, por R$ 150,00, ele ainda parece uma pechincha.

Famous Grouse Finest

Um blended scotch whisky sem idade definida, cujo coração são dois dos single malts mais respeitados da Escócia. The Macallan e Highland Park. E, para melhorar, por aproximadamente R$ 140,00. Para ser absolutamente perfeito, só precisava tirar o peru da garrafa. Quero dizer, a tetraz. Brincadeiras à parte, o Famous Grouse Finest é queridinho de muitos brasileiros. Tanto é que foi eleito o melhor custo-benefício em uma recente pesquisa elaborada por este que vos escreve.

Seu sabor é de especiarias, malte e frutas secas. Sua boa complexidade o torna um excelente custo-benefício para blended whiskies de entrada e uma boa base para coquetéis que exigem um scotch whisky com mais intensidade, mas sem fumaça. E, de quebra, você ainda pode fazer piadinhas com seu rótulo. Afinal, quem não quer tomar um whisky do peru? Nossa, essa foi fraca.

Aberfeldy 12 e 16 anos

Desembarcado há menos de um mês, Aberfeldy anos é o coração da linha de scotch whiskies da Dewars. São single malts pouco encorpados e bastante adocicados, com notas de mel e bastante florais. Ou seja, whiskies perfeitos para se consumir no verão brasileiro.

Apesar da novidade, os whiskies chegaram com preço de combate por aqui. O Aberfeldy 12 anos custa pouco mais de R$ 200,00. Um preço bem interessante para um single malt de entrada. Mas o trunfo mesmo está no seu irmão mais velho. Um single malt com dezesseis anos de maturação, por aproximadamente R$ 300,00.

Teachers

Bom, se há um sinônimo de custo-benefício no mundo do blended whisky, então este sinônimo é Teacher’s. Por pouco menos de R$ 40,00, você leva um litro deste autêntico scotch whisky para casa. E não estou brincando. Ao contrário do que a maioria acredita, o Teachers é produzido na Escócia, com whiskies escoceses, e somente engarrafado no Brasil.  Em sua composição, estão single malts de mais de trinta e cinco destilarias. O principal deles é o Ardmore, produzido pela destilaria homônima, localizada na região de Speyside.

Seu custo-benefício pode ser comprovado na prática. O Teacher’s é o whisky mais consumido no Brasil, por uma boa margem de vantagem. Sozinho, ele corresponde a vinte e cinco por cento do mercado nacional de whisky. Ou seja: um quarto de todo whisky consumido no Brasil é Teacher’s. Mas ele também gabarita a prova para especialistas. O Teacher’s recebeu 90 pontos pela Whisky Bible de Jim Murray, e “Editor’s Choice” da Whisky Magazine, uma das publicações mais importantes da área.

Conheça a vida de um whiskey single malt

O Cão Engarrafado

O Cão Engarrafado é escrito por Maurício Porto, que após uma viagem à Escócia, onde conheceu diversas destilarias e aprendeu um pouco sobre o processo de fabricação de whisky, criou interesse pela bebida. Para descobrir mais, participou de diversos cursos de whiskys, entre eles, curso nível 1 da Wine and Spirits Education Trust de Londres (WSET) em destilados, e degustações, de whiskys escoceses, americanos e japoneses.

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