07 coisas que eu gostaria que meu filho bebesse … aos 18 anos!
Como alguns de vocês sabem, meu filho Pedro acabou de nascer no dia 23 de fevereiro de 2013 e por conta disso atrasei meu texto do mês. Também, pudera! Como me concentrar? Então dedico a ele, o Pedrão, um texto que com certeza entregarei na mão dele em 2021!
07 | UM BOM PORRE COMIGO
Podem me julgar! Mas a única forma de um homem saber os seus limites no álcool é atravessando-os. Eu duvido que exista alguém nesse mundo que beba e que nunca tenha ultrapassado o limite. Porém, gostaria de participar desse momento com meu filho, pra ensiná-lo que ninguém é macho suficiente para encarar o álcool!
06 | DE UMA CACHAÇA BOA EU NÃO ABRO MÃO….
Se hoje estamos valorizando cada vez mais o produto nacional, imagina daqui a 18 anos? Acredito que até lá a cachaça será muito mais reconhecida no mercado nacional e internacional, os produtos melhorarão ainda mais com processos de destilação modernos, descobertas de novas madeiras para envelhecimento, e por que não “blends” regionais? Não torço pra que ele goste, e sim para que ele respeite um genuíno patrimônio nacional.
05 | CLÁSSICO É SEMPRE CLÁSSICO
Gostaria muito que meu filho ouvisse as histórias que ouvi e depois contei nos balcões da vida. Que ele saiba que, muito mais que ficar doidão, um bom espírito pode trazer belas viagens pelo tempo, que o Dry Martini esteja ainda em sua taça original e seja feito com os mesmos ingredientes, porque não é necessário um órgão regulador pra forçar algo que foi escrito na história. Que ele entenda que apesar dos clássicos seguirem o mesmo padrão, todo bartender tem seu truque para deixá-los mais especiais. E é isso que ele terá que curtir!
04 | NADA DE REGRAS, SOMENTE BOM SENSO
Torço para que os coquetéis em sua geração sejam produzidos por profissionais que não estudem só coquetelaria e mixologia. Mas que estejam antenados na moda, nas mudanças culturais, sociais, climáticas, etc. Daqui a 18 anos espero mais que “pairings” direcionados para uma única tendência de sabor, por segurança. Espero que ele conheça bartenders que quebram as regras, mas somente porque as conhecem. Coquetéis de bom senso, simples de se entender, apetitosos de provar!
03 | A GENTE COLHE O QUE PLANTA
Tomara que dentro de 18 anos os bartenders entendam que além de hospitaleiros e criadores de sabores líquidos, eles são manipuladores de alimentos. Quem sabe, quando meu filho estiver paquerando algumas gatinhas no balcão, ele possa sugerir para uma delas um coquetel em que o bartender cultivou o ingrediente dele, ou, pelo menos, que ele mesmo tenha comprado seus insumos diretos da fonte, sem ter comprador por trás trazendo um monte de agrotóxico e produtos passados de pilha, porque custam mais barato.02 | MIXOLOGIA BRASILEIRA EM TENDÊNCIA NACIONAL
Nacional sim! Cada dia mais aparece um bartender gringo querendo saber mais sobre a coquetelaria brasileira, nossos métodos e a forma que trabalhamos com sabores reais. Salvar a caipirinha não é um slogan que o brasileiro deve utilizar a meu ver e sim “salve o sabor real de ingredientes reais”.
Vivemos um processo evolutivo, porém cíclico, na nossa evolução alimentar. Como nossos ancestrais faziam, nós buscamos cada vez mais produtos orgânicos e naturais. Vide as gôndolas desses produtos em supermercados como aumentaram nos últimos 10 anos. Temos muito sabor no nosso país e não precisamos copiar o americano e o europeu. Aliás, com todo o respeito às escolas mais antigas da coquetelaria, temos que dar mais valor à nossa escola de coquetelaria e não valorizar ao extremo a coquetelaria internacional, como dizem alguns especialistas por aí.
Conhecer nosso passado pra melhorar nosso futuro é a melhor forma de atingirmos níveis mais favoráveis do que os que temos, tivemos e teremos amanhã. Tomara que caipirinha seja somente uma das opções de coquetelaria clássica brasileira pro Pedrão, e que seu Martini de Taperebá seja conhecido no país inteiro.
01 | HISTÓRIA DE PAI PARA FILHO
Assim como Jerry Thomas deixou seu legado para os bartenders do mundo inteiro, adoraria me tornar uma referência daqui a 18 anos para o meu filho. Não quero ser o melhor bartender do mundo, não.
Mas quero ser um exemplo pra ele de que fazer aquilo que se ama é mais rentável do que aquilo que se ganha. O dinheiro, além de necessário para viver, serve para nos confortar com algo que nos falta. Eu não tenho tudo que gostaria e sofro pra ganhar o pão de cada dia. Mas deixarei um legado ao meu filho de que uma vida simples e honesta é mais duradoura e respeitada do que uma vida rica e egoísta. Não pensem que não quero ser rico, não é isso! Mas se fosse escolher ser rico, teria escolhido um caminho diferente desde o começo. Mas escolhi ser feliz. E quero que daqui a 18 anos ele seja feliz bebendo um drink de assinatura do pai dele em algum lugar do mundo, e se sinta orgulhoso de beber algo sensacional e ouvir as histórias que cada bartender conta sobre ele.
Receba nossa newsletter com os melhores artigos do universo da mixologia.
Obrigado por se inscrever!