De refrigerante de 1925 a linha de tônicas e RTDs — a marca catarinense que une tradição, mixologia e identidade regional
Em agosto de 2025, a fabricante catarinense Max Wilhelm celebrou um marco singular: o seu centenário. Fundada em 1925, pelo imigrante alemão Max Wilhelm, hoje é um símbolo da cultura e tradição de Santa Catarina.
A empresa se transformou de uma pequena fábrica de refrigerantes em Jaraguá do Sul (SC) no berço de uma marca regional icônica, a Laranjinha.
Por um lado, o fato de seguir sendo produzida no estado e mantida por uma gestão que aposta em inovação sinaliza força. Por outro lado, depender de um só mercado regional e de uma bebida-ícone de sabor retrô pode ser risco num setor que exige ritmo de lançamento e apelos modernos.
Apesar disso, a Max Wilhelm não dormiu no tempo: ampliou portfólio da sua linha de refrigerantes, investiu em águas saborizadas com a linha Ah!, entendeu o mercado de coquetelaria com sua linha de Águas Tônicas e trouxe energéticos para o time de produtos.
Mas será que isso é suficiente para competir com grandes players ou para ingressar no circuito de coquetelaria além de SC?
Curiosidades da Max Wilhelm
A jornada começa em 1923, quando o imigrante alemão Max Wilhelm desembarcar no Brasil.
Pouco depois, em 1925, ele adquiriu uma fábrica de refrigerantes em Jaraguá do Sul e renomeou a operação com seu próprio nome.
Em 1939, segundo relatos regionais, a Laranjinha — o refrigerante sabor laranja que se destacava por embalagem e cor diferentes — foi lançada.
Um dos fatos curiosos: embora seja sabor “laranja”, a bebida se identifica pela cor amarela, decisão de branding que se diferenciou dos concorrentes.
Ainda em meados do século XX, a marca consolidou-se no estado de Santa Catarina, tornando-se parte da memória coletiva de famílias, festas regionais e consumos informais.
Nos anos 1970, a empresa foi adquirida por Werner Greuel (em 1979) — o que marcou o início de nova fase de expansão e profissionalização.
Com sede hoje em Blumenau (SC), a produção ultrapassa volumes enfatizados de 720 mil litros/mês apenas para a Laranjinha.
Além disso, a gestão mais recente adotou modelo compartilhado (entre Otávio Greuel e Natália Schmitt) visando modernização e preparação para o centenário.
O futuro da companhia
Para os bares da região, a Laranjinha é um ativo: traz cultura, identidade e pode ser diferencial de menu. Mas será que assume papel protagonista ou permanece como “curiosidade local”?
Há pequenas marcas regionais que migraram para o cenário nacional — ou alavancaram a mixologia como trampolim — e essa transição exige investimento, distribuição, marketing e adaptação.
A nostalgia pode funcionar como gatilho emocional para o consumidor, mas no universo de coquetéis modernos, o que importa é a versatilidade — se a bebida entra como mixer ou ingrediente, ou é apenas lembrança de infância. Os novos lançamentos (tônicas, RTDs) são uma jogada no caminho certo. Porém, a maturidade exige manter os pés no legado e os olhos no futuro.
Logo, o centenário da Max Wilhelm é tanto um vitória quanto um chamado à ação. A tradição é base segura — mas não bastará por si só. O mercado da coquetelaria grita por marcas que conectem memória e inovação, regionalismo e expansão.
Será que a Laranjinha conseguirá entrar no menu de bares de São Paulo ou Porto Alegre ou seguirá como um segredo dos catarinenses?

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