Whisky e seus tantos segredos desvendados aqui no Mixology News
Poucas pessoas sabem que o Brasil é considerado um dos maiores consumidores de whisky do mundo.
Mas será que os brasileiros só consomem ou entendem de whisky também?!
Aqui vão algumas curiosidades e erros comuns que todo profissional de bar e amantes da bebida deveriam saber:
Você que fica bravo quando o bartender lhe serve um whisky cowboy no copo “on the rocks” saiba que não tem o direito de ficar nervoso!
O “whisky cowboy” nasceu para exemplificar como se tomava whisky no faroeste americano, isto é, puro e sem gelo. Claro, até porque naquela época não havia gelo nos bares, a não ser que seu bar preferido ficasse no pólo norte.
Já o shot é um modo grosseiro de se tomar qualquer tipo de bebida: puro, sem gelo, em um gole só, que era bem comum entre os cowboys também.
Quando chamo de grosseiro quero dizer que você não saboreia a bebida corretamente perdendo uma série de características aromáticas. Esse tipo de degustação demonstra mais atitude do que objetividade. Portanto saiba como pedir seu whisky a partir de hoje, ok?!
Será mesmo?! Nesse caso existem duas questões aqui:
No Brasil confundimos a informação nos whiskyes que chamamos de “standard”.
O whisky “standard” é um produto criado para atender demanda, já que o número de produtos com idade denominada não supre o número de consumidores.
Atenção ao rótulo: quase todos os whiskyes que os cardápios identificam como 8 anos na verdade são standard. Isso significa que eles possuem uma mistura (blend) de maltes envelhecidos de 3 à 8 anos.
Porém, fica a dúvida: Existe ou não whisky 8 anos? Aí sim, a resposta é SIM.
Veja bem, não existe uma regra que dita o tempo mínimo que um whisky deva ser envelhecido.
Existem sim regras em cima da produção, da técnica e da denominação utilizada. Pouco tempo atrás, o mercado brasileiro recebeu o whisky “King James 8 years old”.
Produza o seu próprio whisky e engarrafe com seu rótulo
Além dele, existem inúmeras marcas espalhadas pelo mundo com a idade referida como o canadense Black Velvet, o irlandês Greenore e o single malt irlandês Teerenpeli. Cuidado com as informações no cardápio!
Tecnicamente Whisky e Whiskey são a mesma coisa.
Whiskey é uma abreviação para o significado verdadeiro dessas duas palavras em gaélico “água da vida”.
Essa grafia é mais comum na Irlanda e nos EUA. É possível que os americanos tivessem herdado essa forma de escrita dos imigrantes irlandeses no século XIX. É como a nossa mandioca em SP; aipim em Minas e Bahia e macaxeira no restante do Nordeste.
Diferença não há, porém as pessoas não irão gostar muito que você mude as palavras.
Então whisky na Escócia e whiskey na Irlanda, EUA e Canadá, não se esqueça!
Você, bartender fissurado por história de marcas e bebidas deve ter achado esse tópico encheção de linguiça não é?!
Pois bem, e se eu disser para vocês que Jack Daniel’s já foi um Bourbon?!
Não estou louco não, é a mais pura verdade! No início do século passado, todos os whiskyes americanos eram considerados bourbons. Jack Daniel’s só viria a ser Tenesse Whiskey em 1941 pelo governo americano.
Durante a Lei Seca, Lem Motlow, sobrinho de Mr. Jack, mudou a destilaria para o Missouri e Alabama (segue a foto ao lado, localizado num galpão da Av. Duncan, 4000), ambos sem êxito principalmente por não ter a mesma água.
Só depois de Lem entrar para o senado americano e fazer muito lobby, a destilaria voltou para Lynchburg onde se encontra até agora e se estabilizou como Tenesse Whiskey.
Você está no balcão, de repente chega um senhor mal humorado com cara de que vai bater em alguém e pede um whisky com um pouco de água.
Você deve pensar: “Aff, que fracote!” Se enganou de novo amigão.
Misturar um pouco de água ao seu “espírito” fará com que os aromas e sabores libertem-se mais rapidamente e potencializem-se dentro do copo. Vale dizer que é um pouco de água, algo como 1/4, e não para dividir meio a meio.
Certo dia alguém chegou a mim e disse:
“Nossa, se você visse a garrafa de scotch que meu pai tem em casa…ela é da década de 20! Deve ser uma delícia!”
Eu respondi: “Na verdade, se ela tiver alguma qualidade ainda, como produto de consumo, ela parou de envelhecer na década de 20. O que seu pai tem é um produto de coleção.”
Aí ele retrucou:
“Mas você é bartender e não sabe que whisky melhora quando é envelhecido?”
Gente, envelhecimento só é válido quando o líquido está em contato com a madeira.
Sabe, aqueles barrís, que ficam em uma cave escura, quieta, paradinha, sem luz, como esses acima.
Saiba sobre o dia que R$ 2.000.000,00 de whisky foram pro esgoto
O destilado só arredonda suas notas mediante tempo de envelhecimento nos barrís no contato do líquido com a madeira e não como meu amigo disse depois: “Ah, mas eu não te disse, a garrafa está em uma caixa de madeira!”.
Você até então acreditava que Whiskyes viriam somente desses países não é?
Devo dizer que você precisa conhecer algumas maravilhas na Espanha, Paquistão, Japão (que ganhou como melhor whisky do mundo) e em especial a Índia.
Oi, Índia!? Pois é! Para quem não sabe a Índia é o segundo país no mundo quando se trata de número de destilarias de whisky maltado, atrás apenas da Escócia. E você encontra verdadeiras aquarelas etílicas por lá como o Amrut Whisky, como também encontra produtos repugnantes.
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Nos próximos anos é bem capaz da Índia potencializar o mercado de exportação e então quem sabe teremos o prazer de saborear um trago da terra de Gandhi?
Mas se você for à Índia, não se esqueça de trazer uma garrafa para esse bom e velho amigo que vos escreve!
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