Confira a entrevista com Alex Miranda , um dos maiores nomes da Mixologia Brasileira.
Algumas vezes na vida eu olhei para algumas pessoas trabalhando e pensei: ” Essa aí tem a mão perfeita”. Alex Miranda foi a primeira pessoa em quem eu pensei isso e isso aconteceu a exatos nove anos, quando ele comandava as coqueteleiras do extinto Mix Bar, em Ipanema.
Depois, Alex teve passagens importantes por bares como Fasano Al Mare, Londra, Pink Fleet e atualmente é subgerente do Mr Lam. Visitou o Tales of Cocktail, evento de mixologia nos EUA. Alex é casado com Luciula Martins, chefe de bar do Mr Lam.
Principalmente, Alex fez parte da grande revolução que aconteceu na coquetelaria carioca nos últimos dez anos. E preparem, porque ele estará por lá nos próximos dez anos com certeza.
Qual a sua definição do que é a mixologia e onde ela está baseada?
Baseada na evolução gastronômica ao passar dos tempos, a mixologia é o estudo da gastronomia para com os seus ingredientes, técnicas e aplicações, na reprodução e criação dos coquetéis.
Quais são as suas referências de mixologistas e mixólogos tanto no Brasil como no exterior?
Tive o prazer de conhecer grandes personalidades e referências do mundo da coquetelaria durante algumas passagens pelos Estados Unidos e Suécia e me servem como inspiração: Nick Strangeway (foto abaixo), Tony Abou-Ganin, Tony Conigliaro, Gabriel Ortega e Dale DeGroff.
Tenho hoje como referência no Brasil mixologistas que admiro muito como profissionais e pessoas, que muito me acrescentaram profissionalmente como você Marco de La Roche, Rafael Pizanti, Lelo Forti, Luciula Martins e Gustavo Stemler.
Como definir, na sua opinião, os termos adequados como mixologista, mixólogo, barman, bartender e flair bartender?
Barman é o termo masculino para o profissional do bar; bartender é o termo unissex que identifica barman e barmaid; mixologista e mixólogos são os bartenders que além de ter obrigatoriamente um conhecimento gastronômico maior, possuem e estudam técnicas para a compreensão, aplicação e criação dos coquetéis.
Você enxerga que a mixologia pode auxiliar o dia a dia dos profissionais de bar? De que maneira?
Sim. Principalmente com a integração entre Cozinha com o Bar.
Você acredita que estamos passando pelo “boom da mixologia” e estamos próximos do seu auge?
A mixologia ainda está em grande evolução e acredito que nos próximos anos deve chegar ao seu auge no Brasil. Com o crescimento da área gastronômica devido principalmente aos grandes eventos que serão realizados no Brasil nestes próximos anos, tenho visto novos, mais experientes e bons profissionais já se especializando e aprimorando seus conhecimentos; procurando entender o que é a mixologia, seu conceito, base, história.Ainda há muito por vir!Após o auge do flairstyle dos anos 90, o atual momento minimalista e o retorno dos martinis, o que esperar dos próximos anos dentro do universo dos bares?
Releituras de coquetéis clássicos e a volta dos “short drinks”.
Você se considera um bartender ou um mixologista? Qual a diferença?
Bartender: Profissional responsável pela hospitalidade,conhecimento e reprodução de coquetéis no bar.
Mixologista: Um bartender com um plus de conhecimento técnico e gastronômico utilizado na criação e harmonização de cocktails.
Eu procuro ser um bartender mixólogo.
Como e quando você começou a se interessar pela Mixologia?
Após ter passado por diversos bares e boites, recebi uma oportunidade de trabalhar em um restarurante de culinária francesa de um dos maiores restauranteurs do Rio de Janeiro, Ricardo Amaral.
E seu restaurante de alta gastronomia me despertou para que pudesse me aprofundar em que tipos de drinks harmonizavam com a culinária francesa, o que usar, como fazer… Conversava muito com os chefs de cozinha de lá, perguntava muita coisa, aprendia muito e sempre fui muito curioso, pergunto tudo mesmo!
Descobri que precisava aprender muito mais sobre gastronomia e suas técnicas e comecei a estudar muito! Continuo aprendendo todos os dias…
Como você define o seu trabalho atualmente?
Comecei a trabalhar em bares cedo, com 17 anos, sempre tive o apoio de minha família e pude trabalhar em vários bares com estilos e ambientes diferentes que me deram experiência, agilidade e me permitiram chegar onde cheguei.
Após passar por todo processo de abertura, criação e chefiar os bares do Hotel Fasano Vieira Souto recebi uma oportunidade de ouro para ser subgerente do iatePink Fleet e hoje sou subgerente do restaurante chinês Mr Lam, do mesmo grupo (EBX); que tem investido muito na área de entretenimento no RJ e em breve reabrirá o Hotel Glória que será chamado de Glória Palace e será o primeiro 6 estrelas do RJ.
Continuo atuando na área de bar ajudando a Luciula Martins na criações para os drinques do Mr Lam e recentemente abri junto com meu amigo e sócio Rafael Pizanti a Mixing BarIsCool que promete ser referência no setor.
Qual e a sua primeira memória sobre coquetéis?
Alexander!!! O primeiro drink que aprendi a fazer.
Qual é a sua bebida preferida atualmente?
Manhattan hoje para mim é sinônimo de um drinque perfeito, tendo todos as qualidades que um bom coquetel precisa ter:
Visual, aroma, corpo estrutura, sendo um grande amante de bourbon, este é o meu coquetel preferido.
Qual coquetel ultrapassa o tempo e continua sendo especial?
Sendo um drinque simples e também muito complexo, tendo várias técnicas de preparo e atualíssimo; o Dry Martini é um coquetel que mais do que ultrapassar o tempo é imortal!
Qual é o coquetel do futuro?
Os que agradarem os clientes.
Descreva uma de suas receitas exclusivas. Qual o seu nome e o que ele representa.
Gosto muito de trabalhar com frutas frescas da estação e esta receita marcou minha vida por dois motivos; ela é responsável pela minha ida para Suécia para conhecer a fábrica da Absolut Vodka e segundo porque leva o nome da minha filha, Giovanna.
40 ml de vodka
20 ml de cointreau
10 ml de xarope de açúcar
8 unidades de siriguela
2 bailarinas de maracujá
Preparo:
Em uma coqueteleira Boston adicione as siriguelas e o maracujá e macere bem.
Adicione os outros ingredientes, gelo e bata bem e sirva em uma taça Martini previamente gelada.
Você tem algum professor dos bares e o que ele lhe ensinou?
O meu primeiro chefe de bar, Luiz Noberto foi uma grande referência em bares para mim no que diz respeito a postura, disciplina, profissionalismo e hospitalidade.
Quando ingressei na vida de bartender não existia internet, o acesso a informações de coquetelaria era difícil, os livros que falavam sobre drinques, muitas vezes conseguiam informações que depois descobri que eram erradas, como falei anteriormente sou muito curioso, e então eu sempre perguntei muito sobre o que eu não sabia para os bartenders que trabalhavam comigo.
Dei muita sorte pois eles tiveram sempre muita atenção para as minhas dúvidas e fui crescendo com isso. Hoje ainda aprendo muito com os meus amigos de profissão e uma frase que escutei do Luiz , sempre ficou na minha memória “A pessoa que acha que sabe de tudo, não sabe de nada. Ela está na verdade, em declínio.” todos os bares que passei aprendi muita coisa, por mais que já trabalhasse há muitos anos.
Qual é o seu bar favorito atualmente e porque?
Meu bar preferido hoje é o bar da Mixing BarIsCool minha escola de bar junto ao Lelo Forti e Rafael Pizanti (Copacabana Palace), onde mais do que escola é um ponto de encontro de bartenders, mixologista, mixólogos, flaibartenders, amantes de bons coquetéis e amigos situada no bairro das Laranjeiras.
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