O Bamboo Cocktail é um clássico esquecido no estilo low alcohol

Este clássico pode não ter um destilado base, mas é um aperitivo seco e complexo.
Um dos clássicos mais conhecidos a utilizar Jerez é o Bamboo Cocktail, que utiliza também vermute e bitters. Uma combinação que ao longo da história aparece em diversos locais e sob inúmeras alcunhas.

Contudo, talvez seja necessário entender o que é Jerez antes de adentrarmos na história deste clássico esquecido. Jerez é um vinho branco fortificado produzido nas regiões próximas à cidade de Jerez de la Frontera, na Andalusia, Espanha. São produzidos diversos tipos, desde os mais leves Fino, os mais oxidados Oloroso e alguns vinhos de sobremesa como os Pedro Ximenez.

Após a fermentação o vinho é fortificado e envelhecido em barris usando um sistema único, o Solera.

No sistema Solera, os barris mais velhos são parcialmente engarrafados e completados com vinhos não tão velhos. Estes por sua vez sofrem o mesmo processo, tendo assim um blend sem uma idade bem definida.Estes vinhos são muito famosos e a região de Jerez iniciou o cultivo de uvas em 1100 a.C. Podemos atribuir a fama destes vinhos ao refinado paladar inglês que muito contribuiu para a evolução de diversas regiões viticultoras como Bordeaux, Porto e Champagne. Como já vimos, o Punch foi uma adaptação inglesa, e não era raro ver algumas garrafas de bons vinhos ajudando a temperar este tipo de coquetel.

Nos livros de Jerry Thomas e Harry Johnson podemos ver como os coquetéis com Jerez estavam em moda, principalmente o Sherry Cobbler, um coquetel refrescante que iremos ver em futuros textos.

Em 1886 já aparece em alguns jornais um coquetel chamado Bamboo Cocktail e em 1904 temos a primeira aparição no livro Stuart’s Fancy Drinks and How to mix them.

A receita de Stuart pede duas partes de Jerez e uma parte de vermute italiano com alguns dashes de orange bitters. Um outro livro da época escrito por William Boothby, The World’s Drinks and How to Mix Them (1908), dá a receita de partes iguais de Jerez e vermute francês com toque de orange e aromatic bitters. Para completar a confusão temos no famoso Savoy Cocktail Book (1930) um Bamboo feito com Jerez Fino, vermute seco e vermute doce, lembrando um Affinity, como você pode lê-lo aqui!

Além disso o Savoy Cocktail Book apresenta outro grande clássico da época, o Adonis, que utiliza Jerez Fino e vermute doce, similarmente temos o Duke of Marlborough que não especificar o tipo de Jerez utilizado e o Reform Cocktail que utiliza Jerez e Vermute Seco.

Sendo assim, temos o Bamboo como uma versão de coquetéis aromáticos estilo Manhattan e Dry Martini utilizando o Jerez como base. Mais precisamente o Jerez Fino, um vinho com acidez marcante e elegante paladar aromático, dando bom corpo à receita e entregando menos potência alcoólica, permitindo um consumo mais responsável!

O entendimento atual dos fatos é que o Bamboo, como visto no livro de Stuart (1904), feito com vermute doce é mais reconhecido pelo nome de Adonis e seria a versão “Manhattan”, fazendo um bom contraponto ao aromático Old Hickory já visto em textos passados.

Já a versão com vermute seco, que é inclusive a indicada na lista de 50 coquetéis mais vendidos da Drinks International, ficou estabelecida como Bamboo.

Contudo, acredito que a ideia prevalece e a combinação de Jerez Fino com Vermute propicia um excelente aperitivo seco, complexo e de baixa graduação alcoólica que nada deixa a desejar frente um coquetel mais clássico.

Aprenda esse e outros clássicos centenários esquecidos aqui

BAMBOO COCKTAIL

Bamboo Cocktail

50 ml Jerez fino
50 ml vermute seco
2 dashes orange bitters

Em um mixing glass com cubos de gelo, coloque todos os ingredientes, mexa bem e sirva em uma taça coupé resfriada.
Quanto à decoração fica a escolha de um zest de limão siciliano, uma azeitona ou simplesmente aproveitar a riqueza e equilíbrio desta receita sem decoração alguma.

Você já havia provado um Bamboo Cocktail? Conte nos comentários qual versão e sua opinião sobre este delicioso #DrinqueDoBau.

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