7 coquetéis perdidos no tempo que vale a pena resgatar!

O mundo dá voltas é uma expressão da vovó que faz todo o sentido. A coquetelaria vive um momento cíclico atualmente, é só notar as taças antigas de champagne e cocktails estampadas nas fotos, utensílios dourados e bronze e até nos uniformes no estilo mafioso retrô.

Já que vivemos esse momento vintage, decidi resgatar sete coquetéis que se perderam em algum momento na história.

 

07 | WHITE LADY

Só teve infância quem lembra das histórias da “Loira do Banheiro” na escola! Quem acha que essa lenda é puro folclore brasileiro está enganado, é folclore mundial.

Na Europa o nome dado era White Lady (Dama de Branco) que assombrava casas antigas e perambulava em corredores de escolas a noite. Mas o mais interessante dessa variação do imponente Side Car é que dois Harrys brigaram a vida toda pela criação do coquetel.

A primeira aparição da receita foi apresentada por Harry Craddock, autor do “The Savoy Cocktail Book” em 1930. Porém Harry MacElhone, bartender do Club Ciro’s em Londres na época, teria criado o coquetel em 1919 com licor de menta, Cointreau e suco de limão siciliano, substituindo o licor pelo Gin apenas em 1929. E então quem será o pai? Se coquetel tivesse sangue, um teste de DNA resolveria!coquetéis

 

06 | RAMOS FIZZ

Inventado em 1888 pelo bartender Henry C. Ramos no seu bar chamado Gabinete Imperial Sallonin em Nova Orleans. Pois é, sempre ela! Um dos coquetéis mais famosos da cidade (atrás apenas do folclórico Sazerac). Dizem que no bar existiam 20 bartenders só para produzir o coquetel, devido a demanda. Em 1935, Huey Long, governador do estado na época, levou Sam Guarino, o bartender do principal hotel da região (Hotel Roosevelt) para o hotel New Yorker para treinar os bartenders de lá, pois ele não poderia ficar sem tomar seus coquetéis. Esse ato saiu nos jornais que existem até hoje no Museu Americano do Coquetel. Ramos Fizz leva gin, suco de limão, clara de ovo, açúcar, creme, água de flor de laranjeira e água gaseificada.

 

05 | TIPPERARY

A mais antiga receita desse coquetel que, modestamente digo a vocês, eu nunca tinha ouvido falar, é encontrada em um livro antiquíssimo chamado “The Old Book Bar Waldorf-Astoria” onde seu criador Albert Stevens Crockett diz que o coquetel remete a uma música do exército britânico chamada “It’s a long way to Tipperary” (É um logo caminho para Tipperary). Essa música data de 1912 o que leva a crer que o coquetel também é do início do século passado. O coquetel que leva uísque irlandês, vermute tinto e Chartreause verde deveria ser bom para aliviar as passadas dos soldados enquanto cantavam “É um longo, longo caminho a Tipperary, mas meu coração está lá!” Ficou curioso, pode cantar junto com eles aqui embaixo.

 

04 | PIMM’S CUP

Esse é um coquetel curioso. James Pimm, proprietário de um bar de ostras em Londres criou uma “garrafada” de frutas e especiarias curtidas no gim. Ele adicionava club soda, fatias de pepino e hortelã. E pra você que acha que é super atual usar pepino na coquetelaria lhe digo: Esse coquetel foi criado em 1820! Como disse, é tudo cíclico! Após a primeira guerra mundial, James criou outras garrafas usando destilados do mundo todo e numerando-os de 1 a 6, respectivamente gim, uísque escocês, rum, centeio e vodka. Hoje pode-se encontrar o nº1 e o nº6 na Europa. A última receita oficial do coquetel leva Pimm’s nº1, cointreau, suco de limão, fatias de pepino, folhas de hortelã e ginger ale. Pra eu conseguir fazer só falta o Pimm’s. Alguém trás da Europa pra mim, por favor?

 

03 | FRENCH 75

Lembra do caso de paternidade do White Lady? Nos deparamos aqui com ele, Harry MacElhone, na ocasião, proprietário do NY Harrys Bar em Paris. Esse coquetel foi um presente dado pelo bartender ao retorno dos pilotos da primeira guerra mundial. A artilharia francesa tinha uma arma poderosa com munições de 75 milimetros (será que faz buraco?). Não por menos, usando o requinte do champagne, Harry combinou ingredientes de modo a ser simpático mas que fossem uma pancada no cérebro. Dizem que apesar de elegante era um dos coquetéis mais fortes do bar, provavelmente pela combinação do Gin e o fermentado. Acompanhavam ainda suco de limão e Cointreau.

 

02 | SAZERAC

Esse simples e incrível receita pode ter sido o primeiro coquetel da história. Ele foi inventando por um farmacêutico francês chamado Antoine Amedee Peychaud em Nova Orleans no início do século 19. Peychaud era um dos maiores produtores de bitters digestivo da época (sabemos que essa era a desculpa pra produzir bebidas alcoólicas…rs). Foi aí que chegou um conhaque francês na cidade chamado Sazerac de Forge et Fils. Antoine aproveitou-se da idéia e criou um coquetel misturando seus bitters com o conhaque. Para agradar os franceses que traziam a bebida utilizou um copo no formato de ovo que reza a lenda os franceses apelidaram de coquetier fazendo muitos historiadores acreditarem que essa foi a origem da palavra coquetel. O coquetel ficou tão popular que em 1852 abriram um estabelecimento chamado Coffee House Sazerac. Com o tempo o paladar americano mudou trocando o conhaque pelo uísque de centeio. O bitter de absinto foi também substituído por Pernod. Em 2008 o coquetel que leva uísque de centeio, angostura, pernod (ou absinto) e zest de limão foi declarado a bebida oficial da cidade.

 

01 | MARTINEZ

Talvez, o Martinez seja o coquetel com a história mais rica e mítica de todos os esquecidos. Primeiro de tudo é que existem várias citações que levam a crer que esse seria o primeiro martini do mundo. Como vários clássicos, existem vários folclores sobre o coquetel. Primeiro que um tal de Martinez nomeou-o depois de ter combinado gin com vermute. Outra dizia que o professor Jerry Thomas criou para um cliente que viajava todos os dias pra Califórnia, mais precisamente para a cidade de Martinez. Mas existe uma informação mais coerente a meu ver que o Martinez era servido no Hotel Ocidental pelo bartender Julio Richelieu em São Francisco por volta de 1860 onde os moradores da cidade de Martinez passavam pra tomar o drink antes de pegar a balsa à noite para a sua cidade. O site da cidade de Martinez liga a bebida com a Corrida do Ouro em 1849 em uma festa onde um mineiro ficou rico e comemorou com um coquetel totalmente diferente de todas as versões clássicas que vi. Nesse caminho, esse coquetel que leva gim, vermute tinto, maraschino e bitter de absinto tem muita história pra ser descoberta ainda.

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