Estive em Portugal recentemente paraa estudar num mega curso de nutrição e, vez ou outra eu e minhas amigas, para refrescar um pouco a cabeça das intensas aulas com várias e várias horas de estudo, fugíamos para a beira do Rio Douro em busca de uma Sangria. Hummm!!!
Só de lembrar fico com água na boca!! Se a sangria fosse acompanhada de um fado, melhor ainda, pois enquanto a bebida tocava de forma mais do que agradável as minhas papilas gustativas, a música tocava a alma de uma maneira única e envolvente.De tanto tomar Sangria no Porto, é claro que cheguei aqui louca para fazer um fight nutricional com ela, nada mais justo, afinal, ela me acompanhou por quase um mês nas minhas poucas saídas para me divertir. E ora pois, cá estou escrevendo para vocês.
Quem vai brigar com ela é o Clericot que cheguei a tomar também em Portugal, acompanhado de um bacalhau com natas mas, pelo que eu lembro, eles também chamam de Sangria, só que com vinho branco e não Clericot como aqui.
Bom, a Sangria é mais consagrada do que o Clericot, sendo bem forte na Espanha, tanto que é considerada a bebida símbolo do país. Sendo assim, você encontra em qualquer bar, restaurante ou similares por lá e é mais comum encontrá-la bem gelada.
Seu nome vem de “sangre” (sangue), devido à cor da bebida original, feita com vinho tinto, enfraquecido pela água. Uma lenda diz que tem esse nome por ser muito consumida nas touradas, local tradicionalmente inadequado para o consumo puro do vinho. Além do vinho tinto e do vinho branco, há também versões com licores e com champagne.Já o Clericot nada mais é que a Sangria branca, ou seja, feita com vinho branco e seu berço é a França, mas foi muito consumida por ingleses na colonização na Índia para amenizar o calor. Hoje ela é muito comum na Argentina e no Uruguai.
Uma coisa importante é que percebi que cada bar, cada casa tinha a sua própria receita de Sangria ou Clericot, ou seja, não há uma unica receita perfeitinha para fazermos, mas existe a combinação de Vinho (branco ou tinto) + um destilado (licor ou cognac), frutas cortadas variadas, um toque de açúcar, algum gaseificado (como refrigerante cítrico ou até espumante e cava) e gelo.
E as escolhas de cada bar fazem com que um lugar seja melhor do que o outro. Então vamos à batalha!
O vinho é uma bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto da uva, onde as leveduras se alojam em sua casca produzindo enzimas que convertem glicose e frutose, que são açúcares, em álcool etílico e dióxido de carbono que, em geral, é descartado, exceto no caso dos vinhos espumantes.
A parte mais importante da uva para a elaboração do vinho é a polpa mas, para o vinho tinto ter as características que conhecemos, precisa da casca por conta da coloração e da presença dos taninos.
Os principais constituintes do vinho são: água, etanol, açúcares, minerais (potássio, fósforo, magnésio, cálcio, sódio, silício, ferro, manganês, zinco, cobre, níquel, molibdênio, cromo, cobalto), vitaminas (vitaminas B2, B3, B6, ácido fólico, biotina e ácido pantotênico), ácidos orgânicos (lático, tartárico, acético e málico), aminas bioativas (histamina, betafeniletilamina e tiramina) e traços de proteínas.
Sangria
Em geral, as frutas que vão na Sangria são mais cítricas, como laranja, limão, maçã, abacaxi e uva todas elas, super ricas em vitaminas e minerais, e ainda, fibras. Ah! Importante dizer que pode mudar a composição das frutas, tá?! Além disso, contém também água, licor e suco de laranja, soda limonada ou água com gás, gelo, açúcar e, claro, o ilustre vinho tinto.
Dependendo do humor do barman, ele pode colocar canela em pau, cravo ou até hortelã, se ele for português. Pensando no tinto, acaba sendo mais rico em sua composição, logo, em nutrientes, isso comparado ao vinho branco. Tudo isso por conta da casca das uvas, que possui os compostos fenólicos, que são antioxidantes, que dão um chega pra lá na velhice e em várias doenças.
Vou considerar o vinho para dar a nota, já que ele é o carro-chefe da bebida, logo, a nota é 1, fato.
Clericot
Ele é composto por vinho branco, conhaque, licor, água com gás ou soda limonada, frutas frescas variantes que, em geral, se concentra mais nas frutas cítricas, como na sangria, podendo ter ainda o kiwi, e mais algumas frutas vermelhas, como o morango, a framboesa e até a groselha, além do gelo.
Como aqui tem também um monte de frutas, tem também várias vitaminas, minerais e as fibras queridas. Talvez tenha mais frutas envolvidas, o que pode trazer ainda mais nutrientes. No processo de fabricação, a casca é dispensada logo, não tem os nutrientes que ali se instalam, ficando mais pobrinha em relação ao vinho tinto.
Mas como a nota é com base no vinho, que é o que está em maior quantidade na bebida, vai ficar com 0.
O consumo moderado, e que fique bem claro, MODERADO, de vinho, traz várias consequências positivas ao organismo, como: diminuir a incidência de doenças do coração, potencializar o funcionamento do cérebro, beneficiar os aparelhos digestivos e respiratório, estimular a produção de insulina, que normalmente é insuficiente num portador de diabetes, estimular o sistema de defesa do organismo, diminuir os riscos de câncer, além de retardar o envelhecimento. Delicia, hein?! De sabor e também por nos deixar menos velhos, rs.
Sangria
Prefiro dar nota para a Sangria, pois o vinho tinto, como falado acima, tem mais nutrientes, como os polifenóis e o resveratrol, logo sua ação no organismo é muito mais forte do que o vinho branco. Mais um ponto para ela.
Clericot
Menos nutrientes, menos ação no organismo. Sem ponto, sem mais.
Sangria
Ela servida numa jarra, num copo ou mesmo numa taça, é super charmosa, não é mesmo?! Ver o vinho com várias frutinhas dentro é o que há. Está certo que as frutas acabam ficando “pintadas” por causa da cor forte do vinho tinto, e assim, fica um pouco mais difícil identificar quais frutas estão lá boiando na bebida, só por isso, nota 0.
Clericot
Por ser feita de vinho branco, consegue-se ver melhor todas as frutas que estão no drinque, inclusive o colorido de cada uma, dando um ar de elegância à ele. Lindo de morrer. Nota 1.
Sangria
O vinho tinto é mais encorpado, logo, mais pesado de sabor, mesmo assim, delicioso. Nota 1, simples assim.
Clericot
É leve, suave e refrescante, combina super com o calorzão dos climas tropicais que vivemos. Deixa nossas tardes de sábado bem mais gostosas ao lado dos nossos amigos. A nota 1 é muito mais do que merecida.
A marca ou o ano da colheita não são os únicos fatores para se apreciar uma boa garrafa de vinho, pois o local, a posição e a temperatura dele também são essenciais. O local do armazenamento deve ser escuro, protegido da luz natural e artificial, pois ela pode alterar o aroma e sabor de um vinho.
Então, nem se tiver que esconder no fundo do armário, mas deixe-o sempre bem no escurinho do cinema. A não ser que seja um daqueles vinhos rápidos, para consumo em pouco tempo. Ah! E nada de deixar próximo de alimentos ou produtos com aroma forte, ou ainda, perto de fonte de calor.
A temperatura do local do vinho deve ficar, no máximo, a 24ºC pois, a partir daí, ele começa a oxidar, e assim, se estraga por completo. A temperatura ideal são 12ºC mas, se caso baixar apenas irá retardar o processo de envelhecimento do vinho. A temperatura deve ser constante e se existir flutuações, estas devem ser graduais.
Sendo assim, não deve flutuar mais de 1,6ºC num dia e 2,7ºC num ano. Só para constar e enriquecer de informação esse fight nutricional, saibam outros pontos importantes para o armazenamento do vinho:
-Umidade: Se a umidade estiver baixa por muito tempo, as rolhas podem secar, o oxigênio danado vai entrar e o vinho vai oxidar. O ideal é o nível de humidade estar entre 65 e 75%.
– Posição: Deve ficar na horizontal, pois assim a rolha estará sempre em contato com o vinho, deixando-a úmida e intacta, e assim, sem oxigênio no interior da garrafa.
– Movimento: Se for um vinho de reserva e sofrer constantes movimentos, pode haver a deterioração do vinho, então, nada de deixar em cima da máquina de lavar, hein?!
Sangria
O vinho tinto, dentre os vinhos, é o que possui maior tempo de validade, cerca de 4 a 5 anos. Tempo mais do que suficiente se pensarmos nele numa adega de um bar ou mesmo de um restaurante. Quanto à temperatura de armazenamento, ele é mais suscetível às flutuações do que o vinho branco, e assim, corre mais o risco de envelhecer prematuramente. Pelo bons anos de vida que têm, nota 1.
Clericot
O vinho branco tem menor durabilidade em relação ao tinto, apenas 2 anos. Mas também não é um tempo ruim se pensar num estabelecimento comercial, mas o tinto, nesse caso, saiu na frente. No quesito armazenamento, são mais sensíveis à luz do que o tinto. Por ter cerca da metade do tempo de vida do tinto, meia nota. E o placar final é 4 para a sangria e 2 ½ para o clericot. Concordo em gênero, número e grau nessa nota, pois com o vinho tinto fazemos realmente um brinde à saúde.
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