Durante a década de 90 vimos acontecer um movimento especial dentro das cozinhas, que em pouco tempo foi denominado “Gastronomia Molecular”. Esse movimento, iniciado por Nicholas Kurt e Hervé This em meados dos anos 80, consistia em analisar os fenômenos gastronômicos puramente do ponto de vista químico e científico e as suas possíveis aplicações em busca de uma maior qualidade e sensibilidade de sabores, aromas, texturas e temperaturas.
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Logo, acompanhando a tendência da mixologia moderna, os conceitos da gastronomia molecular começaram a se misturar ao cotidiano de alguns bares e restaurantes consagrados.
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Podemos definir a Mixologia Molecular como uma análise química, física e científica dos acontecimentos mixológicos e as suas devidas aplicações ao universo das bebidas?Acredito que sim.
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Porém, muito mais interessante e importante do que a mera aplicação de um procedimento químico (ora, o que não há de ser química nesse mundo?) é o entendimento da formação de pensamento que nos faz acreditar que a mixologia molecular seja tão necessária nos dias de hoje.
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Acredito que devemos primeiramente buscar as bases filosóficas em pensadores como Aristóteles e a sua lógica comparativa, em Epícuro e a sua afirmação que só através da ciência encontramos a liberdade da alma mas principalmente em Descartes e seu discurso do método científico.
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Todos esses pensadores construíram para nós (e sequer sabemos), uma série de ferramentas para aplicarmos à Mixologia Molecular.
Antes que nos tornemos meramente reprodutores de processos químico-físicos, devemos compreender o porque de cada procedimento para por fim aprender à aplicá-los no seu devido momento.
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Somente assim será possível criar uma nova cultura de profissionais que buscam o conhecimento como suporte para aplicar suas receitas e alcançar o reconhecimento, ao invés de apenas um barman que utiliza uma seringa, um agitador eletromagnético ou um espectrômetro como elementos de marketing.
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Preparar uma geléia de Negroni?Sim. Esferas de Mojito?Claro! Pina Coladas em espumas? Por que não?
. Mais importante do que a técnica é a aplicação. Mais importante do que a reprodução é a criação.

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